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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A alquimia amorosa de Jesus Cristo: espiritualizar a matéria e fazer do corpo luz

Uma doutrina de amor, e um ensinamento de ética e fraternidade

Cristo é uma divindade humana, acessível e inerente a todos. É um estado de consciência divina que transcende a história. O caminho que seguiu pode ser caracterizado como o do "bom pastor": uma doçura que fala aos homens a partir do coração e para a paz. Enquanto que anteriormente na história haviam aparecido mestres sob o arquétipo de rei-guerreiro, o conquistador da divindade toda-poderosa, mas terríveis e cruéis

Diz-se que é um arquétipo de divindade porque a alma coletiva da humanidade atravessa distintas etapas de evolução, e Cristo representa, em um só homem, o mais elevado estágio de desenvolvimento da humanidade como um todo.

O processo de maturação de Jesus, que culminou aos seus 30 anos, quando alcançou o estado de Cristo, é processo pelo qual passam atualmente todos os seres humanos. Esta maturação é o ponto de inflexão em que o homem recebe em sua alma "o espírito do cosmos", que consiste na noção de amar ao próximo, sacrificar-se pelos demais, anular o ego mas também cultivar os próprios talentos pessoais através da iniciação nos mistérios da alma.

A trajetória de Jesus em sua obtenção do estado de Cristo é um caminho intersubjetivo que consiste no processo de evolução espiritual de cada ser humano, em sua jornada desde a ignorância até a verdade, ou da escuridão até a luz. Cada buscador da verdade deve atravessar o mesmo caminho.

É como se nossa humanidade atual fosse um embrião espiritual, e Jesus aquele que exemplifica e propõe um caminho ideal . O Mestre é tanto a pessoa como o coletivo do futuro. Ele é nós depois de nos aperfeiçoarmos em certas limitações, que agora nos parecem difíceis de superar. Jesus é a humanidade, considerada individual ou coletivamente. Cristo é o poder redentor de Deus, é o Ser Supremo manifestando-se através e dentro da criação humana

Cristo é o filho do céu, e Jesus, o filho da Terra. Cristo representa o impulso de evolução espiritual que é designado como o "Messias Solar", isso porque sua essência é como o Sol, que ilumina o mundo e dá vida espiritual à alma humana. Da mesma maneira que a energia solar física nutre os corpos, a energia espiritual do Sol nutre as almas. Não é à toa que o nascimento de Jesus é colocado na mesta data do solstício.

O Evangelho diz que Jesus de Nazaré foi ao rio Jordão para ser batizado por João, e uma pomba desceu do céu sobre ele. Essa pomba é a influência solar, símbolo do espírito santo e do espírito do Sol que entrou em Jesus.

Quanto aos milagres, são fatos narrados que têm uma força simbólica e didática e que nutrem a fé interna do homem para que ele mesmo realize a obra da divindade na terra. Os místicos que têm experimentado seu próprio conceito da vida de Jesus não se perguntaram se Jesus viveu ou não, pois sabiam que Ele exemplificou um caminho de vida que leva à integridade espiritual. Ter fé em Jesus Cristo não se trata de provar sua existência e seus feitos, no sentido de uma investigação histórica que os refutem ou os afirmem; o místico participa do Mistério a partir de uma experiência pessoal.

O místico deve mover-se a partir da escuridão e aceitar sua ignorância se quiser acessar a luz. O entendimento é algo que resulta de um processo de dedicação, pelo qual resulta razoável ter fé e cultivar nossa mesma fé como uma possibilidade de percepção aguda daquilo que atualmente jaz invisível. Fé em que a dimensão moral e espiritual existe também em concordância com uma lei evolutiva de causa e efeito.

Sobre o nascimento imaculado de Jesus, e a sua crucificação

A representação que se faz nas imagens do cristianismo ortodoxo tem Jesus nascendo em uma caverna, e não em um estábulo. A Luz Divina (a semente) penetra o ventre da terra. Esta imagem mostra os elementos habituais dos protótipos bizantinos - Maria inclinando-se, o menino Jesus no centro, a montanha, a caverna dentro da montanha e a escuridão da caverna sendo atravessada pela luz celestial. Assim entendemos que esta ideia de Jesus e de outras divindades (como Osíris ou Quetzalcóatl) são os pontos nodais nos quais se une ou se faz tangível o matrimônio entre o céu e a terra.

Através da crucificação e da ressurreição se exemplifica que o espírito do homem não morre com o corpo, mas que para ser bem-sucedido em alcançar a Deus deve morrer completamente o que ata o homem ao mundo, tudo o que é perecível e corrupto.
Há dois tipos de morte, aqueles que morrem na carne, renascem na carne, porque, apesar de haverem deixado o mundo, o mundano não foi extirpado deles. 
Os poucos que foram a dormir na fé renascem do entre da fé ao ventre da luz. Esta morte que traz consigo o renascimento espiritual e permite ascender ao céu com um novo corpo radiante - a alma revestida das joias da pureza de seus atos.

Este é o ápice espiritual do mundo, que, nos dizem os mísiticos, Cristo faz disponível para nós: o tempo regressa à eternidade, o fragmento é reunido ao todo, a centelha se reintegra com a chama. A ressurreição que se prossegue imediatamente atesta o triunfo da alma humana.

A ideia de que Cristo (como essência ou sujeito universal) possuiu Jesus (o objeto que é preenchido pela divindade) consiste num princípio de transubstanciação que não está restringido a Jesus à medida que Ele o fez acessível a todos.

Deus é o eterno sujeito, e a humanidade é o objeto natural.

Temos então a experiência mística de sentir que uma essência humana superior vive em nós, uma essência que nos envolve no mesmo elemento que leva a alma de vida a vida, de encarnação a encarnação. Esta é a experiência mística de Cristo, que somente podemos ter através de um treinamento no amor, entregando-se à fé e ao amor, para nos deixarmos habitar pela divindade. 
Pode ser entendida como o exemplo perfeito da união entre sujeito e objeto, que é o propósito essencial do misticismo não somente cristão mas também budista, cabalista e de muitas outras tradições, a propósito de que esta união é a anulação da dualidade em sua raiz.

O espírito santo é consumado na alma vitoriosa, já que é na alma perfeita que Deus pronuncia sua palavra.

Creio que o Universo é uma Evolução.
Creio que a Evolução procede até o Espírito.
Creio que o Espírito é realizado na forma de uma personalidade.

Traduzido e adaptado de: http://cadenaaurea.com/2016/12/una-mirada-mistica-a-la-figura-de-jesucristo-o-la-divinidad-arquetipica-al-interior-del-ser-humano/

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O caso das bruxas de Salem - 1692

O famosos julgamentos das bruxas de Salem tiveram seu início na primavera de 1962, depois de um grupo de garotinhas no vilarejo de Salem, Massachusetts, colocarem queixa de haverem sido possuídas pelo Demo, e acusarem várias mulheres locais de bruxaria. Uma onda de histeria espalhou-se por toda a Massachusetts.

Em janeiro de 1962, Elizabeth, de 9 anos, filha do reverendo Parris, e sua sobrinha Abigail Williams, de 11 anos, começaram a ter ataques. Elas gritavam, arremessavam coisas, pronunciavam sons estranhos e se contorciam em posições esdrúxulas. O médico local, por não conseguir oferecer diagnóstico satisfatório, tirou o seu da reta culpou o sobrenatural pelas injúrias sofridas pelas garotas. 

Para nós, ocultistas críticos que não se deixam ludibriar pelos aspectos mais fantásticos do sobrenatural, é necessário elucidar o contexto em que se manifestou a suposta bruxaria. Primeiramente, a vila de Salem nesta Massachusetts colonial vivia momento de muita penúria e desordem, pois a Guerra do Rei William que acontecia ao Norte do Estado, a saber, Nova Iórque, Nova Escócia e Quebeque, enviava refugiados de toda sorte a Vila de Salem. Também, Salem havia recentemente sofrido uma pequena crise de varíola. Além disso, havia sempre a desconfiança quanto aos índios nativos norte-americanos.

Também não deve ser ignorada as disputas entre facções políticas dentro das fronteiras das da vila de Salem, que, como veremos, logrou papel definitivo nas acusações realizadas pelos homens de poder político daquela área.

À parte isso, o evidente é que no século XVII, nesta região de colonização inglesa de tradição Puritana, vigorava uma forte crença no Demônio. Como certamente apontou Anton Lavey na sua Bíblia Satânica publicada em 1969, a manipulação da figura do Demônio é que conferiu no decorrer dos séculos tanta legitimidade à Igreja Cristã. O Demônio serviu para que se erigisse e fundamentasse, por assim dizer, um inimigo válido sobre o qual a crença Cristã pudesse se prevalecer. Mas os julgamentos das "bruxas" de Salem não logrou nenhum êxito cristão, e, sim, representou uma tragédia e genocídio contra mulheres. 

No final daquele fevereiro de 1692, as garotas filhas do reverendo Parris, homem bem colocado politicamente na região, acusaram três mulheres de as afligir: Tituba, uma índia Arawak, da América do Sul, vendida à família Parris como escrava; Sarah Good, uma moradora de rua e pedinte; e Sarah Osborne, uma mulher idosa e empobrecida que deixara de frequentar a igreja.

As "evidências" necessárias à condenação passavam longe daquilo que hoje é requerido para um julgamento fiável. Era considerado evidência o testemunho de sonhos e visões espectrais por parte das garotas injuriadas, bem como boatos, fofocas e afirmações sem suporte. Nas cortes de julgamento, ministros da igreja eram requisitados para auxílio técnico. Averiguava-se o corpo das acusadas em busca de marcas ou sinais cutâneos que comprovassem o envolvimento com bruxaria. 
Invadindo o corpo da mulher para procurar marcas de bruxaria

Inclusive a filha de 4 anos de Sarah Good foi acusada de bruxaria, detida em cadeia, enquanto sua mãe chorou todas suas lágrimas e enlouqueceu.

Em certo momento, as acusações deixaram de ser colocadas só pela parte das crianças, e adultos também tomaram parte dos duelos nas cortes de justiça.

Foi acusado de bruxaria até mesmo um homem, George Burroughs, nascido em família influente e ativo em campanha militar para opressão e afugentamento dos índios Wabanakis. Por ter falhado em sua campanha, e participar de facção política diversa, Burroughs também foi condenado e executado nos julgamentos de Salem.

No decorrer de 1 ano, mais de 200 pessoas foram acusadas de praticar bruxaria, e 20 foram executadas. Eventualmente, a colônia de Salem admitiu que os julgamentos foram equivocados, desculpando-se e compensando com dinheiro a família dos executados. Da paranoia ao arrependimento.
Enforcamento de Bridget Bishop, uma mulher mais velha, dona de taverna e conhecida por sua fofoca e promiscuidade

A súmula para os julgamentos das Bruxas de Salem portanto evidencia que as pessoas acusadas foram indivíduos vulneráveis, como estas mulheres de comportamento desviado ou averso aos valores pressupostos, o que causou medo em homens e mulheres. As acusadores eram geralmente mais abonados que os acusados. Acusava-se para ganhar a propriedade de terra dos condenados. Acusados e acusadores tomavam parte em lados opostos numa cisma que dividiu a comunidade de Salem antes do surto de histeria. 

Misoginia e disputa territorial foram os principais motivantes em determinar quem viveria e quem morreria neste famoso caso das Bruxas de Salem.

Por fim, em estudo recente, publicado em 1976, aceitou-se que os sintomas anormais manifestados pelas crianças foi devido a um fungo ergot  crescido no trigo e no centeio. Esta intoxicação causa espamos musculares, vômito e alucinaçõe, bem como verificado nas garotas. Acredita-se também que estas pestinhas de crianças mimadas estavam era sem ter o que fazer, com tédio, e decidiram oprimir o substrato empobrecido da população apenas para diversão. 

Foto conceitual retratando uma bruxa

Fontes da pesquisa: http://www.smithsonianmag.com/history/a-brief-history-of-the-salem-witch-trials-175162489/?no-ist
http://www.history.com/topics/salem-witch-trials
https://www.salemwitchmuseum.com/education
http://law2.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/salem/salem.htm