sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Rendendo-me a mim mesmo e superando o medo

To stop feeding our fears we must let go of what we think is good and what we think is bad, and realize that our attitude shapes our experience. So our attitude shapes and governs what we are afraid of.

Look back only to see how far you've come.

When you're afraid in your mind you're afraid in your body.

What is it that I want? Because we've to remind ourselves that nobody can give us what we don't already have. You have to become whole first before you find another whole.

Nobody should be lifting us from the ground.

Surrendering to who you are. When someone loves you for who you are then you see it's authentic.

Sometimes there's nothing wrong with the another person, sometimes it's you. They're mirroerring back something you need to deal with.

I realize a secret: no one can reject you: we reject ourselves. It all begin with self-love to deal with rejection. Healing ouselves comes from within.

There are plenty of fish in the sea. So in dealing with rejection we have to put eveything in perspective. Don't say I got rejected, say "I'm not compatible with that person.

Everyday is a new oportunity to connect with an amazing spirit. You start getting love the moment you start giving it. Don't let anybody take away your own self value, your own worth.

14/09

A prova de que um texto para ser excelente não precisa ser enfadonho nem tampouco hermético. 

Penso que artigos, aulas e pessoas poderiam também se beneficiar deste princípio. Se Olga tinha um trunfo sobre-humano como militante, este era sua capacidade de comunicação: ao lado de quem se sentasse, nenhum passava desatento à sua conversa tão determinada quanto envolvente.

Quem quer faz-se expansível e busca a compreensão; muito diferente do professor de faculdade de Humanas que dentro da sala de aula tem o doutorado como escudo e a atitude blasé como espada, na guerra sem glória que é sua vida acadêmica levantada sobre artigos como sobre um castelo de cartas. Daí, com cara de muito sério, vai fumar cigarro sozinho no intervalo.

Isso é tudo o que há de mau com a mentalidade aristocrata de certos seres humanos com ideais, para quem a insígnia da suposta magnificência intelectual está colada em seus peitos, e ao aluno não convém nenhuma ação que não seja colocar uma flor a seus pés. Pois enquanto o erudito, como um pão-duro intelectual, presunçosamente acumula verdades como troféus, o sábio modestamente devolve multiplicado o pão que o alimentou.

Obrigado à amiga Priscilla pela indicação literária.

sábado, 24 de setembro de 2016

Virginia Woolf - Ensaio "Um teto todo seu"

A mulher, portanto, que nascesse com a veia poética no século XVI seria uma mulher infeliz, uma mulher em conflito consigo mesma.  Todas as condições de sua vida e todos os seus próprios instintos conflitavam com a disposição de ânimo necessária para libertar tudo o que há no cérebro. Mas qual o estado de espírito mais propício para o ato de criação?, perguntei. [...] Sabemos apenas de passagem e por acaso que ele (Shakespeare) 'nunca apagou uma linha'. [...] escrever uma obra de gênio é quase sempre um feito de prodigiosa dificuldade. Tudo se opõe à probabilidade de que ela se aflore íntegra e completa à mente do escritor. Em geral, as circunstâncias materiais opõem-se a isso. Os cachorros latem; as pessoas interrompes; o dinheiro tem de ser ganho; a saúde entra em colapso. Além disso [...] ele (o mundo) não pede que as pessoas escrevam poemas e romances e contos; não precisa deles. [...] mesmo no século XIX, a mulher não era incentivada a ser artista. Pelo contrário, era tratada com arrogância, esbofetada. Sua mente deve ter sofrido tensões, e sua vitalidade foi reduzida pela necessidade de opôr-se a isso, de desmentir aquilo. [...] a mente do artista, a fim de alcançar o prodigioso esforço de libertar, íntegro e completo, o trabalho que está nela, precisa ser incandescente, tal como a mente de Shakespeare.  [...] seus sentimentos e rancores e antipatias nos são ocultados. Não somos interrompidos por alguma "revelação" que nos faça lembrar do escritor. Todo o desejo de protestar, de pregar, de proclamar alguma injúria, de desforrar-se de algo, de fazer o mundo testemunhar algum revés ou injustiça foi descarregado dele e eliminado. Assim, a poesia flui dele livre e desimpedida. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

madrugada 16/09/16 - just for fun

Uma garota interessante. Garota não, mulher. sim, mesmo sendo ela da mesma idade que a maioria daqueles rapazes desmotivados que eventualmente ocupam seus mesmos corredores, bibliotecas ou salas de aula - esta laia de marmanjo preguiçoso que passa seu tempo coçando o queixo a esperar a barba crescer, ou, como é mais recorrente, aqueles, os infames chamados existencialistas, que perdem seu tempo e muito fumo pensando no "sentido das coisas", ela, diferente deles, não é juvenil. A mulher amadurece mais cedo que o homem? Ou na verdade isso é argumento para a precoce atribuição de tarefas domésticas, e também justificativa da pedofilia que tira a infância da garota? O que você vai arriscar? De minha parte, considero que os espíritos encarnados em corpo feminino são aqueles que cresceram acostumados a sangrar. Elas...

Embora sua família não seja podre de rica, o trato benfazejo da herança dos pais, que são nada mais do que bem-sucedidos trabalhadores imigrantes ibéricos brancos, lha garantiu não só uma educação comparável aos padrões da nata da classe média paulistana mas também uma tradição burguesa de viagens internacionais que são um barato, e cujos registros a família expõe com júbilo através de cabos HDMI aos convidados após a sesta do almoço dominical. Ah! a família: o pai, misógino, um parvo de cabelos grisalhos que certa noite na cama antes de dormir perguntou perplexo para a mulher quais os motivos de a filha tê-lo xingado de "homem" e batido forte a porta do quarto, e que ficou sem entender menos ainda quando a filha deixou de ser a princesinha da família, passou a raspar o cabelo dos lados e nunca mais deu um sorriso no interior daquela casa. A mãe, embora cúmplice, não consegue aceitar as escolhas que a menina faz quanto ax parceirx sexual e encontra sérias barreiras de tolerância para continuar acompanhando aquela criatura rebelde que além do mais traz para casa uns tipos andróginos...

Da casa à faculdade, ela é fora de série. nas assembleias se destaca e não tem medo de expôr uma opinião, lendo textos bem fundamentados mas também controversos, escritos por ela mesma ou por parceirxs do coletivo que não a deixam desamparada: nunca está sozinha, embora sua graça não seja para qualquer um. Se há uma coisa que aprendeu nos palcos da vida nos anos de dança e atividades lúdicas que a família bancou desde sua infância é que a simpatia de um sorriso, assim como a energia vivificante de uma boa performance, têm seu valor e seus elementos de exclusividade. Por isso, sem que perceba, demonstra postura altiva que, para quem nunca teve a oportunidade de fumar um cigarro sozinho ao seu lado pode ser interpretada como ar de gente esnobe. 

A diferença é que ela é um ser humano que se valoriza. Porque sabe olhar, seu olhar por trás da armação grossa dos óculos intimidadores cai como um elogio. Mas sua visão concentra atenção não em pessoas mas sim nas teias invisíveis da sociedade capitalista, que em sua masmorra enseja diariamente um teatro de submissão a começar no seio do núcleo familiar e se espraiando através de papéis de gênero socializados pelos homens. que controlam hegemonicamente a transmissão dos recursos materiais e culturais. 


E toda a energia vital desta graciosidade feminina é colocada em ação para fortalecer a luta de suas irmãs mulheres, e por isso me é toda inspiradora. Fuço o perfil dela no facebook e me delicio em reparar como a volúpia desta pessoa canaliza-se também para se auto-reinventar em performance e estilo: a disciplina é o esmero com que purifica a única obra de arte possível - sua própria vida no lampejo de cada momento presente. A maquiagem... a maneira como ela se diverte nas noites de festa! Sim, ela é demais. Stalkeio de novo o perfil e vejo que a exclui, embora a estime tanto?

Por quê?

Ah sim! Ela é feminista radical...

sábado, 10 de setembro de 2016

Os Europeus adquiriram gordura dos Neanderthais?

Artigo publicado online no periódico www.sciencemag.org.

GIBBONS Ann. Did Europeans Get Fat From Neandertals?, 2014. Disponível em:< http://www.sciencemag.org/news/2014/04/did-europeans-get-fat-neandertals/>. Acesso em: 10 de setembro de 2016.

Palavras chaves: Arqueologia, Evolução, Paleontologia e Biologia.

Neanderthais e europeus modernos apresentavam algo em comum: ambos eram fatheads? de mesma laia (ilk). Uma nova análise genética revela que nossos primos musculosos tinham um número de genes distintos envolvidos no estabelecimento de certos tipos de gordura em seus cérebros e outros tecidos - uma peculiaridade compartilhada pelos europeus contemporâneos, mas não pelos asiáticos. Porque dois-terços de nossos cérebros são construídos por ácidos graxos, ou lipídios, as diferenças na composição de gordura entre europeus e asiáticos pode ter consequências funcionais, talvez em ajudar aos europeus a se adaptarem a climas mais frios ou causando doenças metabólicas.

"Esta é a primeira vez que nós temos visto diferenças em concentrações de lipídio entre populações," diz o biólogo evolucionário Philipp Khaivatovitch, do CAS-MPG Partner Institute for Computational Biology in Shangay, China, e Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology in Leipzig, Alemanha, autor líder do novo estudo. "O fato de nossos cérebros serem construídos diferentemente   por lipídios pode ser devido ao DNA do Neanderthal."

Desde que pesquisadores no Max Planck sequenciaram o genoma dos Neanderthais, incluindo um genoma de super alta definição de um Neanderthal das Montanhas Altai na Sibéria em dezembro, pesquisadores têm comparado o DNA Neanderthal com aquele de pessoas viventes. Neanderthais, que entraram em extinção 30.000 anos atrás, realizaram cruzamentos mistos com humanos modernos pelo menos uma vez nos últimos 60.000 anos, provavelmente em algum lugar no Oriente Médio. Porque os cruzamentos mistos aconteceram depois que os modernos deixaram a África, os africanos contemporâneos não herdaram nenhum DNA Neanderthal.  Mas europeus e asiáticos viventes herdaram uma pequena quantidade - 1% a 4% em média. Até agora, cientistas têm averiguado que diferentes populações de humanos viventes herdam a versão Neanderthal de genes que causam diabetes, lúpus, e doença de Crohn, além de alterarem o sistema imunológico e também afetarem o funcionamento da proteína queratina na pele, unhas e cabelos. 

No estudo mais recente, publicado online hoje na revista Nature Communications,  Khaitovitch e sua equipe internacional analisaram a distribuição de variantes do gene Neandertal no genoma de 11 populações da África, Ásia e Europa. Eles averiguaram que em comparação aos asiáticos, europeus herdaram três vezes mais os genes relacionados ao metabolismo de lipídios e à quebra destas gorduras para liberação de energia. (Como esperado, africanos não continham nenhum destes variantes Neanderthais.)  A diferença no número de genes Neanderthais envolvidos com o processamento de lipídios foi "gigante",diz Khaitovich. O estudo também oferece outro exemplo de legado genético de longo prazo deixado em alguns povos hoje pelos extintos Neanderthais.

Embora a equipe não saiba a função destes variantes de genes Neandertais, começou-se a pesquisar por sua influência ao examinar o tecido cerebral do córtex pré-frontal de 14 indivíduos adultos cuja ascendência remonta a europeus, africanos e asiáticos, bem como de 14 chimpanzés. Embora Khaitovich acredite que o gene Neandertal afete a composição da gordura por todo o corpo, os pesquisadores focaram primeiramente no tecido cerebral porque ele contém muitos ácidos graxos - e estava disponível em banco de tecidos cerebrais. "Não há banco de tecido de gordura corporal para as diferentes populações", ele  ressalva.

A equipe averiguou que os europeus tinham diferenças na concentração de vários ácidos graxos no cérebro, que não eram encontrados nos asiáticos nem tampouco nos chimpanzés, o que sugere que estes tenham se desenvolvido recentemente (estes quem??). Entre os europeus também foram notadas diferenças na função de enzimas que são conhecidas por estarem envolvidas com o metabolismo da gordura no cérebro.

Agora a equipe está tentando descobrir como os ácidos graxos agem no cérebro e como diferenças em concentração podem afetar sua função. "Nós pensamos que é um efeito muito forte com profundas mudanças fisiológicas", diz Khaitovich. "De outra forma, nós não os veríamos no tecido cerebral".

Ele suspeita que estes genes de ácidos graxos foram vantajosos para os humanos modernos e podem haver ajudado Neanderthais e, mais tarde, europeus a se adaptar a ambientes gelados. As variantes genéticas podem ter impulsionado o metabolismo, talvez ajudando europeus e Neanderthais a quebrar mais rapidamente a gordura para obter energia a fim de sobreviver às temperaturas frias da Europa setentrional. Os resultados também mostram como um tipo de humano poderia pegar um atalho evolucionário e herdar genes vantajosos de outro grupo através de "introgressão", ou cruzamento misto, ao invés de gastar dezenas de milhares de anos desenvolvendo por si mesmos um caminho para se adaptar a um novo habitat. Hoje, entretanto estes ácidos graxos estão relacionados com doenças que são parte da chamada "síndrome metabólica" - obesidade, diabetes (através do metabolismo de açúcares), alta pressão sanguínea, e doenças cardiovasculares (através do metabolismo do colesterol e triglicerídios), diz o autor.

"Claramente muito mais há que ser feito sobre a funcionalidade dos ácidos graxos, mas é tentador pensar que estão ligados a certos tipos de diferenças no metabolismo do açúcar", escreve em e-mail o paleantropólogo Chris Stringer, do Natural History Museum in London, que não é um membro da equipe. "Neanderthais podem ter passado por adaptações para atravessar o estresse dos invernos do Norte, o que foi selecionado, por introgressão, pelos modernos."

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

mais uma página desbotada no diário sórdido dos meus dias

Fazer faculdade de ciências sociais é uma brincadeira de mau gosto.
Me sinto acorrentado por 5 anos de percurso à promessa de um diploma que nem sei bem para que vai me servir.
Mas graças a (...) fui aprovado num concurso público, e ...
Assim poderei viajar minhas viagens, comprar minha flauta e participar ativamente da tão malhada realidade comercial dos dias úteis.

Aí sim vou me queixar, dignamente, de que não tenho tempo para aprender a tocar a flauta porque o trabalho me deixa com mente e corpo esfrangalhados. Oh, será assim?

(Não me levem a mal, sei que ninguém está aí para ler reclamação, mas é que uma boa dose de pessimismo é fundamental para já ir alinhando as expectativas com a realidade. A vida é mais interessante nos romances que na carne.)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Já não aguento mais

Com duas bonecas de pano na mão, um vestido branco de rendas e a eternidade no pátio de um asilo eu seria mais.
Até porque nunca se sabe o que ocorre no mecanismo da psique de uma criatura, e enquanto existir peneira para peneirar haverá torrão que fica sobrando.

A confirmação da loucura de Syd Barret veio pela demonstração de sua cabeça que encarecou, o olhar que perdeu o brilho habitual e barriga que avolumou. Mas e a loucura do infeliz que se supõe de antemão ser rejeitado ou incompreendido e assim involuntariamente e sem controle incorpora o fardo em sua máscara? (O fisiculturista tem regozijo no vislumbre do espelho, o yogue, na consciência em harmonia com a realidade, o burguês (...) - mas e o louco?).

Ou a historia do homem que, submisso ao patrão, desconta e transmite o mal à esposa, nua em um círculo de fetiches .

Assim me ocorreu essa consideração, e como eu gosto de palavrar, pus no papel desta forma que calhou. Se não gostasse, teria dormido e amanhã acordaria mesmo assim para amar sorrisos.

Se considerassem que ao escrever tais linhas eu poderia estar tomando um sorvete e pensando num affair, ou então babando, sem dormir, enquanto a febre não passa, teriam dimensão da "literatura que cria a realidade", principalmente quando utilizada por um geminiano nervoso. O peso de ter de sentir e o prazer de poder registrar.

Apenas quero ser lembrado como alguém que suportou com honra e austeridade o seu peso existencial.

Enfim, se na madrugada as palavras têm mais peso é porque na escuridão solitária da noite somente elas existem. Me aventuro na fossa e trago de lá o que vi porque minha âncora - para bem ou mal - prende-me firmemente aqui.