segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Os 4 estágios da magnum opus alquímica à luz da psicologia de Jung

São em número de 4 os estágios pelos quais a prima materia deve ser submetida para que, através de sucessivas transformações, seja convertida em pedra filosofal à conclusão da magnum opus.

Nigredo (escuridão): Unio naturalis, um estágio objetivo e inconsciente, visível apenas pelo lado de fora, quando não há diferenciação entre self e objeto, consciência e inconsciência. Isto significa que o sujeito está desavisado dos impulsos que vêm do seu inconsciente. Quer dizer, o sujeito encontra-se, sem que se dê conta, vulnerável ao excesso de libido. A pessoa está agindo sob influência descontrolada de demônios. As características benfazejas da alma são ofuscadas pela sujeira, e portanto se faz necessário processos de calcinatio, etc para decompor o corpo decaído em seus elementos básicos que serão trabalhados nos processos posteriores da alquimia.

No decorrer do processo de individuação, o sujeito aumenta a compreensão que tem da própria sombra, sofrendo dor e desespero. Nigredo, tenebrositas, caos e melancolia. A hora mais negra, ataques de inveja, a desilusão. "This melancholic state is so powerful that, according to scientists and doctors, it can attract demons to the body, even to such an extent that one can get into mental confusion or get visions." - Cornelius Agrippa


Albedo (brancura): Após o caos da massa confusa do estágio Nigredo ser reconhecido, a consciência do alquimista é limpada, lavada (ablutio) de suas impurezas para que o corpo, agora espiritualizado, readquira a pureza e receptividade originais da alma. Este processo acontece no alvorecer, e é presidido pela influência da Lua. É representado por águias, pombas ou gansos. O elemento é a prata. 

"From the darkness of the unconscious comes the light of illumination, the albedo" (JUNG, 1963) pois "The soul is happy by nature; the soul is happiness itself". (KHAN, ?)


Citrinitas (amarelo): Complemento de Albedo no processo de casamento químico entre Sol e Lua na realização da magnum opus. O mago, agora mais experiente, "escava" seu próprio inconsciente a fim de inspecionar os traços indesejados. Como chumbo, estas sombras são pérfidas, mas a iluminação do Sol as transforma em ouro, isto é, parte-se de uma falha inata na consciência para produzir qualidades pessoais: o ouro interno.

Citrinitas corresponde também à inserção destas qualidades na consciência-ego da pessoa: quando se parte da prima materia - a sombra - e, depois de a purificar em prata e ouro, misturam-se ambos e o que surge é a coloração variada como na cauda de um pavão. Neste sentido é diferente do samadhi, o estado de iluminação-êxtase que é alcançado através da supressão da consciência, isto é, com o inconsciente engolindo o ego.




Rubedo (vermelhidão): o resultado da jornada que colhe na escuridão a prima materia e a purifica pela luz da Lua e do Sol: quebrar, limpar e juntar novamente, compondo a pedra filosofal. Vermelho é a cor que simboliza o trabalho alquímico bem sucedido. Sangue de dragão coagulado: domínio. O casamento da rainha branca com o rei vermelho. Fusão do ego, que é energia da terceira dimensão, espacial, ao self, que é energia da quarta dimensão, temporal: vida eterna! É a fase de contato pleno com a eternidade e a retificação total da alma.

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