A metáfora de amor como um barco
é iludida e fajuta.
Produz sentimento de abandono em quem fica
e a quem vai sobra angústia e culpa.
Prefiro agora repetir o ditado
"O bom filho à casa torna"
ou me permito criar este:
"A casa boa traz o filho de volta".
(Mas também não precisa nem ser assim
de voltar ou de ir...
o importante é acompanhar o outro, e sentir...)
Amar com as janelas abertas não deve ser difícil.
Basta vivermos uma relação madura e cicatrizada,
não tão jovem e nem ingênua,
pois prefiro a dor excruciante da verdade
ao desconforto da mentira que a princípio alivia
mas no fim explode como peido reprimido.
Como um homem-amigo que apóia a causa
não posso não desejar sua emancipação.
É mais real ter como amante uma mulher livre.
que vem e se entrega a mim por um punhado de dias,
e não um peso lânguido como grilhões no tornozelo.
Prefiro que
saia para brincar com seu vestido colorido
sob os raios de Sol que avivam a relva fresca
e esquentam a pele dos meninos e meninas,
girando de mãos dadas com todos eles
numa alegre ciranda por indomáveis caminhos;
a te ver olhando-os entristecida por trás do vidro da janela,
pensando se a grama sente macia ao pé descalço,
e supondo que quero ainda te controlar.
Não, não quero agora roubar sua liberdade,
quero apenas (como sempre quis)
que seja minha por inteira.
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