segunda-feira, 25 de julho de 2016

O caso das bruxas de Salem - 1692

O famosos julgamentos das bruxas de Salem tiveram seu início na primavera de 1962, depois de um grupo de garotinhas no vilarejo de Salem, Massachusetts, colocarem queixa de haverem sido possuídas pelo Demo, e acusarem várias mulheres locais de bruxaria. Uma onda de histeria espalhou-se por toda a Massachusetts.

Em janeiro de 1962, Elizabeth, de 9 anos, filha do reverendo Parris, e sua sobrinha Abigail Williams, de 11 anos, começaram a ter ataques. Elas gritavam, arremessavam coisas, pronunciavam sons estranhos e se contorciam em posições esdrúxulas. O médico local, por não conseguir oferecer diagnóstico satisfatório, tirou o seu da reta culpou o sobrenatural pelas injúrias sofridas pelas garotas. 

Para nós, ocultistas críticos que não se deixam ludibriar pelos aspectos mais fantásticos do sobrenatural, é necessário elucidar o contexto em que se manifestou a suposta bruxaria. Primeiramente, a vila de Salem nesta Massachusetts colonial vivia momento de muita penúria e desordem, pois a Guerra do Rei William que acontecia ao Norte do Estado, a saber, Nova Iórque, Nova Escócia e Quebeque, enviava refugiados de toda sorte a Vila de Salem. Também, Salem havia recentemente sofrido uma pequena crise de varíola. Além disso, havia sempre a desconfiança quanto aos índios nativos norte-americanos.

Também não deve ser ignorada as disputas entre facções políticas dentro das fronteiras das da vila de Salem, que, como veremos, logrou papel definitivo nas acusações realizadas pelos homens de poder político daquela área.

À parte isso, o evidente é que no século XVII, nesta região de colonização inglesa de tradição Puritana, vigorava uma forte crença no Demônio. Como certamente apontou Anton Lavey na sua Bíblia Satânica publicada em 1969, a manipulação da figura do Demônio é que conferiu no decorrer dos séculos tanta legitimidade à Igreja Cristã. O Demônio serviu para que se erigisse e fundamentasse, por assim dizer, um inimigo válido sobre o qual a crença Cristã pudesse se prevalecer. Mas os julgamentos das "bruxas" de Salem não logrou nenhum êxito cristão, e, sim, representou uma tragédia e genocídio contra mulheres. 

No final daquele fevereiro de 1692, as garotas filhas do reverendo Parris, homem bem colocado politicamente na região, acusaram três mulheres de as afligir: Tituba, uma índia Arawak, da América do Sul, vendida à família Parris como escrava; Sarah Good, uma moradora de rua e pedinte; e Sarah Osborne, uma mulher idosa e empobrecida que deixara de frequentar a igreja.

As "evidências" necessárias à condenação passavam longe daquilo que hoje é requerido para um julgamento fiável. Era considerado evidência o testemunho de sonhos e visões espectrais por parte das garotas injuriadas, bem como boatos, fofocas e afirmações sem suporte. Nas cortes de julgamento, ministros da igreja eram requisitados para auxílio técnico. Averiguava-se o corpo das acusadas em busca de marcas ou sinais cutâneos que comprovassem o envolvimento com bruxaria. 
Invadindo o corpo da mulher para procurar marcas de bruxaria

Inclusive a filha de 4 anos de Sarah Good foi acusada de bruxaria, detida em cadeia, enquanto sua mãe chorou todas suas lágrimas e enlouqueceu.

Em certo momento, as acusações deixaram de ser colocadas só pela parte das crianças, e adultos também tomaram parte dos duelos nas cortes de justiça.

Foi acusado de bruxaria até mesmo um homem, George Burroughs, nascido em família influente e ativo em campanha militar para opressão e afugentamento dos índios Wabanakis. Por ter falhado em sua campanha, e participar de facção política diversa, Burroughs também foi condenado e executado nos julgamentos de Salem.

No decorrer de 1 ano, mais de 200 pessoas foram acusadas de praticar bruxaria, e 20 foram executadas. Eventualmente, a colônia de Salem admitiu que os julgamentos foram equivocados, desculpando-se e compensando com dinheiro a família dos executados. Da paranoia ao arrependimento.
Enforcamento de Bridget Bishop, uma mulher mais velha, dona de taverna e conhecida por sua fofoca e promiscuidade

A súmula para os julgamentos das Bruxas de Salem portanto evidencia que as pessoas acusadas foram indivíduos vulneráveis, como estas mulheres de comportamento desviado ou averso aos valores pressupostos, o que causou medo em homens e mulheres. As acusadores eram geralmente mais abonados que os acusados. Acusava-se para ganhar a propriedade de terra dos condenados. Acusados e acusadores tomavam parte em lados opostos numa cisma que dividiu a comunidade de Salem antes do surto de histeria. 

Misoginia e disputa territorial foram os principais motivantes em determinar quem viveria e quem morreria neste famoso caso das Bruxas de Salem.

Por fim, em estudo recente, publicado em 1976, aceitou-se que os sintomas anormais manifestados pelas crianças foi devido a um fungo ergot  crescido no trigo e no centeio. Esta intoxicação causa espamos musculares, vômito e alucinaçõe, bem como verificado nas garotas. Acredita-se também que estas pestinhas de crianças mimadas estavam era sem ter o que fazer, com tédio, e decidiram oprimir o substrato empobrecido da população apenas para diversão. 

Foto conceitual retratando uma bruxa

Fontes da pesquisa: http://www.smithsonianmag.com/history/a-brief-history-of-the-salem-witch-trials-175162489/?no-ist
http://www.history.com/topics/salem-witch-trials
https://www.salemwitchmuseum.com/education
http://law2.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/salem/salem.htm

domingo, 24 de julho de 2016

Abrindo as portas da percepção: alma, corpo astral, corpo físico, nascimento e morte: conhecimento arcano.

Por que não se percebe esse mundo espiritual tão belo e cheio de energias de que tanto se fala? Por conta da tela atômica que existe no duplo etérico (=corpo astral).



O que seria percebido pela consciência caso o corpo astral fosse destituído dessa tela atômica? Elementais naturais, os espíritos da natureza, a saber, espíritos das plantas, como seres irracionais do mundo que nos rodeia. E também os elementais individualizados, como os anjos.

Espírito da planta

Wisp - Warcraft 3: exemplo de espírito da floresta nos games

Anjos - entidades espirituais individualizadas
Papel dos anjos na construção do duplo etérico (=corpo astral):


Os Anjos envolvem com forma elemental os gametas sexuais, que se unem como resultado do ato sexual, permitindo então à alma se ligar àquele corpo que vai nascer. 


Após o nascimento, o Eu Superior - Higher Self - é quem coordena o desenvolvimento da pessoa. Devemos aprender a ouvi-lo diariamente.

"O Criador emanou seu sopro, e o espírito, afastando-se da sua origem primordial, revestiu-se de um corpo formado de fluidos astrais, cada vez mais densos; e, quando penetra em nosso plano físico, este corpo fluido toma envoltório de carne.
Por seu espírito, vive no plano divino e entra em comunhão com a alma universal.
Pelo seu corpo astral, vive no plano intermediário, de que tem consciência pelos sentimentos, vidência, os sonhos, etc. 
Enfim, pelo seu corpo físico, vive no plano material, onde adquire experiências necessárias para a evolução necessária dos outros princípios."




Sobre o duplo etérico, ou perispírito: corpo astral que se liga ao corpo físico através do cordão de fluidos etéricos. Assim também afirma a doutrina Espírita.





Fonte: Anatomia Oculta 3 - Programa Lux Esotérica 454. https://www.youtube.com/watch?v=qPaPjW2PuyU - Osmar de Carvalho

Motivação!


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Método de Austin Osman Spare para projeção da vontade em êxtase, e o Culto de Zos Kia

Sobre a excepcional capacidade psíquica de Austin Osman Spare
Austin Osman Spare com sigils

Spare tinha capacidade de materializar pensamentos numa aparência visível. Aleister Crowley, que conheceu e atraiu todos tipos de indivíduos psiquicamente ativos, conheceu no curso de sua vida apenas dois destes indivíduos com este siddhi específico (Allan Bennet foi um deles, e Crowley não revelou o nome do segundo).

Invocação do Elemental

Certa feita, quando visitado por uma dupla de céticos desejosos de ver a manifestação de um Elemental, Spare tentou dissuadi-los, explicando que tais criaturas eram automatas do subconsciente habitando a psique humana em níveis normalmente inacessíveis à mente consciente. Como eles quase sempre encorporavam propensões  e impulsos atávicos, seria um ato de tolice invocá-los, já que a intrusão deles na vida desperta poderia ser extremamente perigosa.

Usando seu próprio método de evocação elemental, Spare arregaçou as mangas. Nada aconteceu por algum tempo, e então um vapor esverdeado, semelhante a um fluido de algas marinhas, gradualmente invadiu a sala. Isto adentrou o meio deles, ganhando mais solidez a cada momento sucessivo. A atmosfera tornou-se miasmática com a presença disto, e fedor avassalador emergiu; e na nuvem maciça de horror que os cobriu, dois pontinhos de fogo brilharam como olhos, piscando em uma face idiota que subitamente pareceu preencher todo o espaço. Enquanto isto cresceu em tamanho, a dupla entrou em pânico e implorou Spare para que afastasse a coisa. Ele baniu a coisa, que pareceu encolher e diminuir, e então desmoronou como um lençol rapidamente se desintegrando. Mas enquanto o Elemental havia impregnado-se na sala como um nuvem, era virtualmente opaco e tangível, e fedia a mal aventurança. As duas pessoas envolvidas foram fundamentalmente mudadas. Dentro de semanas, a primeira morreu sem causa aparente, e o outro teve de ser internado num asilo para loucos.

Visualização passiva de espíritos

Uma Inteligência oculta frequentemente pintava, desenhava e escrevia através de Spare. Quando Spare virava a cabeça de repente, ele às vezes capturava um vislumbre dos familiares espíritos que constantemente o rodeavam.

Quando vividamente visualizado, o emblema ou selo misteriosamente atiça o subconsciente, e uma imagem correspondente, ou conjunto de imagens, emergia na mente. Proporcional à força da crença no selo é a clareza da imagem que o selo evoca. Se o selo deriva de uma camada de memória antiga ou cósmica, certas imagens impressionantes surgem na mente, e o feiticeiro habilidoso é capaz de as projetar na mente astral de outros indivíduos para que eles imaginem a imagem para ser uma presença palpável.

Leitura mental auxiliada pelo espírito evocado

Habitantes ao portão da memória silenciosa
Mathers descreveu como quando um garoto ele havia desenhado de novo e de novo algum evento que ele almejava, e chamou aqueles desenhos de "mágica instintiva". 

Spare desenhou um de seus selos mágicos, que, ao invés de serem simbólicos do objeto desconhecido desejado, era um ideográfico de um espírito familiar cujos serviços ele frequentemente empregava quando qualquer leitura mental era requisitada.

Spare pedia para que a pessoa mentalizasse um objeto, e enquanto isso ele evocava o espírito-auxiliar.

Após algum tempo, Spare recebeu a vívida impressão de qual objeto estava na mente de Feilding. Ele então desenhou um segundo selo, disse a Feilding que ele não precisava mais se concentrar, e prosseguiu ele mesmo se concentrando. Esses procedimentos foram interrompidos por uma batida na porta. Feilding foi na ponta-dos-pés até a porta, abriu-a, e ficou surpreso por encontrar seu criado oferecendo um par de chinelos.

Sobre feitiço - a mentalização e o orgasmo

Consciência do desejo vicia todo o processo inteiro, então um método de esquecer o desejo durante o período da evocação mágica teve de ser encontrado. Spare nomeou o processo de "união através de distração", e advogou o método yogue para esvaziar a mente de tudo menos o selo.

Satyr 
Com objetivo de traduzir um desejo específico a partir do level da consciência subjetiva para o mundo material ou plano objetivo, o Pythoness instruiu-o a construir uma urna em conformidade com as dimensões do pênis ereto. Espaço suficiente - mas não mais - tinha de ser deixado ao fim do recipiente para formar um vácuo quando o falo fosse inserido. A cavidade deveria conter o desejo emblematizado, que seria automaticamente consagrado no momento do orgasmo. O muito realçado prazer induzido pelo poder de sucção do vácuo aumentaria o tamanho do pênis e causaria um orgasmo prolongado não usual. Na hora H, o desejo deveria ser vividamente visualizado e segurado estavelmente na mente tanto tempo quanto possível. Quando a imagem mental principiasse a declinar e desaparecer, a urna deveria ser hermeticamente selada e enterrada num caixote preenchido com terra, ou no chão mesmo.

Spare suntentava que esta era a fórmula usada pelos antigos urning gregos: daí a designação. Em um de seus escritos não publicados ele deu a seguinte instrução: "Enterre a urna à m
eia-noite, a lua estando visível em 1/4. Quando a lua declinar, desenterre a urna e - enquanto repetindo uma encantação cabível - despeje os seus conteúdos como libação para a terra. Então a reenterre."

Desejo projetado no mar cósmico de pensamentos

Todos tais símbolos indicam uma regressão infinita que causa ressurgência atavística e inversão do sexo para self love (=auto-amor, amor a si, amor ao Eu).

A linguagem do desejo e seus significados penetram as silenciosas regiões das experiências conscientemente esquecidas, evocando através de sua força reverberante as inevitáveis memórias que habitam perpetuamente o subconsciente.

Metafísica do culto Zos Kia
"O Sabbath é sempre secreto, comunitário e periódico, uma consumação reforçada para realização quase ilimitada de desejos."
Na vida cotidiana uma mania ou crença segue outra. Por um processo de não-acreditar, de esvaziar a mania (ou obsessão) de seu conteúdo, nós podemos surpreender a tendência da crença a aparecer como uma coisa e não outra, ou como uma coisa depois de outra.

Desta maneira nós podemos adentrar aquele êxtase de comunhão com o Atmosférico "Eu", que Spare chama de Kia, o estado de "estar entre", ou Nem-Nem.

Porque crença libertada da concepção faz misturar desejo no Infinito, e cria a união do Self-knowing (=conhecimento do Eu, do próprio). Desejo nascente, e introduzido pelo ego sem fronteiras no mar de pensamentos cósmicos.
Ascensão do Ego de êxtase a êxtase

Sobre o benefício de a bruxa ser feia ou de aparência indesejável

Perversão é usada para superar preconceito moral ou conformidade. Por persistência, a mente e desejo tornam-se amorais, focados, e inteiramente acolhedores, e a força vital do Id (o Grande Desejo) fica liberta das inibições prévias ao controle final.

Mas ele quem transmuta o tradicionalmente concebido como feio noutra estética valoriza os novos prazeres para além do medo."
Entidade espiritual muito fértil

Conclusão

Vontade é o nosso meio, Crença é o veículo, e Desejo é a força combinante com o Elemental. Criptogramas são nosso talismã e protetores.

Liberando toda sua energia nervosa no ponto focal de seu desejo; e enquanto seu desejo urgente mistura-se n sempre presente mar procriativo, você sentirá uma tremenda insurgência, uma transformação do Eu. E mesmo o Diabo não evitará que seu desejo seja materializado.

 Traduzido e adaptado de: http://hermetic.com/spare/aos-zkc.html

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Despertando a kundaliní através do entendimento: medo

O medo é a briga entre a fé de que você pode conseguir e a ideia negativa sobre o futuro.
Se você tiver certeza de que vai conseguir, não terá medo.
Se você tiver certeza de que não vai conseguir, você não terá medo.
Na verdade, pessoas que têm medo não têm tantos problemas, mas as pessoas que têm medo de seus medos, elas, sim, criam mais problemas.
Quando você dá muita importância aos seus medos, você começa a pensar que tem problemas.
E quando você pensa que tem problemas psicológicos, então você tem problemas psicológicos.

Shanti Mantra

Aum!
Que meus membros, minha fala, minha energia vital - prãna - meus olhos, ouvidos e todos os sentidos estejam totalmente amadurecidos e sejam enriquecidos com força e energia. Tudo é Brahman, Consciência, assim está revelado nos Upanishads.
Que eu nunca negue a existência de Brahma. Que eu jamais tenha incompletude com Brahman, a Consciência.
Que Brahman jamais me negue, ou remova Sua graça de mim. Que não haja separação. Que eu tenha completude com Brahman, a Consciência, e que Brahman esteja completo comigo. Assim seja.
Que todo o Dharma, as Verdades Sagradas declaradas pelos Upanishads, manifestem-se totalmente e irradiem em mim, que sou íntegro e autenticamente devoto para conhecer a experiência daquela Verdade, Atma - o Ser.
Que eles manifestem e irradiem em mim.
Aum.
Que haja paz, paz, paz.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Por que se criou o Universo

Pergunta qual é o princípio de tudo isto.

A existência que se multiplicou por si mesma
Pelo puro deleite de ser,
E se projetou em trilhões de seres
Para que pudesse encontrar-se a si mesma.

Inumeravelmente.

Divindade, ou o Uno Inefável: -"Eu era um tesouro oculto, que queria ser conhecido; por isso criei o mundo, para que pudesse manifestar meu mistério a mim mesmo."

Adão não é mais que a forma divina, criada por Deus, para receber sua própria revelação - o receptáculo puro em que Ele se derrama.

-"Por isso criei as criaturas e me fiz conhecido delas, para que me conhecessem."

O amor e a sabedoria são dois aspectos do mesmo, e inseparáveis.

A criação é o espelho no qual Deus vê a si mesmo, e a aparição do ser humano (o ser humano arquetípico, Adão) não é diferente de Allah, mas enquanto tu tiveres uma existência "distinta de Allah", não conseguirás sufocar tua existência, nem conhecer a ti mesmo. O conhecimento de ti mesmo consiste em compreender que tua existência não é real e que tua existência não é nada, pois tu não és, não fostes e jamais serás.

O terceiro giro da roda do Darma, nele é onde o Buda Shakiamuni revela que todos os seres vivos têm um embrião búdico ou uma inerente natureza búdica, chamada tathagatagarbha.

Toda a vasta expansão do cosmos - uma extensão gnóstica que não faz diferença entre "ser" e "conhecer".

A mente original do sujeito é a mente absoluta, igual a Dharmakaya, ao espaço de todos os fenômenos, ao próprio corpo da deidade.

A essência mais profunda do universo, seu constituinte fundamental, é a sabedoria - as coisas estão feitas de sabedoria e para a sabedoria.

Traduzido e adaptado de: http://cadenaaurea.com/2016/06/ibn-arabi-sobre-por-que-se-creo-el-universo/



quarta-feira, 13 de julho de 2016

Este brilhante vídeo explica por que o universo é um vasto campo de consciência.

"Para explorar a natureza fundamental do cosmos não temos que viajar ao espaço exterior: é suficiente viajar ao espaço interior."



O futurista, físico e místico Peter Russel faz um excelente trabalho neste vídeo, explicando a problemática do estudo da consciência. Tal estudo desafia a ciência, e propõe alternativamente que a consciência não é produto da complexidade da matéria, mas sim a natureza fundamental do cosmos. 

De início, Russell define a consciência como "o simples fato de que tu estás experimentando, e vendo estas imagens agora... não tens que fazer nada para estar consciente. Neste sentido a consciência não muda nunca, o que muda é aquilo de que tu estás consciente."

Um aspecto que merece mais reflexão dentro deste tema é que tudo o que experimentamos ocorre através da nossa consciência, para além da questão sobre existir ou não uma realidade independente da nossa mente. Nosso cérebro interpreta padrões de informação - ondas eletromagnéticas - e as reconstitui como objetos, os quais somente têm certa forma e significado mediante nossa conceituação (= linguagem simbólica que se refere a arquétipos de pensamentos, e coloniza a mente) e de um acordo consensual (= grupos e instituições que partilham estes significados. Neste sentido o esoterismo ou as religiões são um conjunto de formulações de pensamento ou visão de mundo compartilhadas). Russell disse:

Não há uma verdade lá fora [...] os fenômenos que experimentamos não existem no mundo objetivo como tais, existem como um fenômeno de nossa consciência. Isto não quer dizer que não exista a árvore lá fora, mas sim que comumente confundimos a representação com a realidade. Mesmo a matéria, em seus componentes fundamentais, não é nada como a experimentamos... A física quântica descobriu que as partículas, na realidade, não são partículas, são algo assim como nuvens de existência potencial... não são coisas como as conhecemos, a matéria não está feita de matéria.
Tudo que podemos dizer é que as coisas não são homogêneas: há uma diferença, não sabemos do que é feito o cosmos, mas é diferenciado - isto é, padrões distintos de informação, a informação interpretada pelos sentidos e decodificada pelo cérebro é o que nos aparece a nós como o mundo tridimensional, sensível com som surround. Mas isto somente existe em nossa consciência, uma realidade virtual criada pelo cérebro.

Russel aponta que embora haja uma correlação entre os processos do cérebro e nossa experiência, isto não resolve o chamado problema difícil da ciência: "É mais fácil explicar como evoluímos a partir de células simples do que explicar como chegamos a ser conscientes... como se criou a consciência?... como processos materiais no cérebro deram lugar à mente imaterial?" Pensar que a matéria produziu a consciência gera todos os tipos de problemas, tais quais decidir onde está o limite, isto é, perguntar-se onde começa a consciência em um pássaro, numa lagarta, numa pedra. E como é que em algumas partes a matéria não produz consciência, e em outras, sim?


"Uma alternativa é que a capacidade de experimentar está presente até certo ponto em todas as coisas, não aparece do nada como por arte ou magia. A experiência se faz com base na árvore evolutiva." Esta visão sobre a consciência como fundamental ajudaria a explicar algo que nos parece essencial na ciência moderna (= Física pós experimento de Werner Heisenberb, quem verificou que se o observador afere o espaço, então a velocidade aparece distorcida, e vice-versa), a saber, que o observador realiza um papel preponderante nos fenômenos da natureza - uma perspectiva da consciência como essencial inclui e explica a influência do observador.

"O cosmos não é somente um vasto campo de informação, pois é um campo que está consciente, um campo de conhecimento, de se conhecer a si mesmo... para explorar a natureza fundamental do cosmos não temos que viajar ao espaço exterior, pois é suficiente (= e necessário) viajar ao espaço interior, (a consciência é) a única coisa que não podemos negar, e tudo que a ciência não tem sido capaz de explorar", conclui Russel. E isto é verdade: o que podemos dizer com segurança é que a consciência existe, e que tudo que conhecemos, o conhecemos através da nossa consciência; é por isso que cientistas como Jacobo Grinberg, seguindo tradições místicas, consideraram que tudo o que existe é universo da consciência. 

Traduzido e adaptado de: http://pijamasurf.com/2016/07/este-genial-video-explica-por-que-el-cosmos-es-un-vasto-campo-de-conciencia/

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Descompressão.

Momentos antes de dormir, deitado em leito doméstico, observo, com pensamento calmo, as formas sem cor da mobília no quarto escuro.

Em meu lugar de animal humano, sinto como uma boa tristeza a resignação de que, no mundo, nada foi criado só para mim, e que, dos sonhos impossíveis cuja substância ocupa parte considerável do meu existir, nada, ou muito pouco, se concretizará.

Bebendo goles largos da amarga poção da lucidez, descarto os meus dias como figurinha repetida e inútil na Insondável coleção de eventos do Universo. Da memória evanescente destes dias que hoje gozo com implacável falta de cansaço, ao lado de família e camaradas, o que não há de ser decomposto e esquecido? 

Assisto a mim, passivo, assistindo à vida passar.

Mas toda objeção é vã, e o presente é sempre o único momento que há. Oxalá minha vida seja sempre assim - limitada porque real, medíocre mas desperta.

Na sombra do querer, alcanço meu contentamento através das lágrimas desalento. 

Querer mais é trair-me: não consigo ser além do que já posso ser-me.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Ressalva

No limite em que a expressão artística de uma pessoa, composta na estética musical do rock e exportada da Califórnia para todo o mundo através da indústria cultural e computadores, chega ao Brasil e é capaz de influenciar o quotidiano de uma pessoa na periferia de São Paulo, desbancando em relevância inclusive as variedades culturais canarinhas dentro da minha apreciação musical, posso dizer que enxergo, no ser humano Maynard James Keenan, não somente graças aos circuitos de auto-degradação e pelo travestismo despirocado que pratica, mas também pelo seu desvario esquizóide, conjuntamente com o aspeto sarado de seu corpo, mas sobretudo pelo conteúdo místico das letras que compõe, uma inspiração para mim.

Na foto, ele, nu, à direita.
This body holding me reminds me of my own mortality
Embrace this moment, remember, we are eternal
All this pain is an illusion