terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Fichamento do livro "A Doutrina de Buda"

O Demônio das paixões mundanas está sempre procurando ludibriar vossas mentes.Se uma víbora morar no vosso quarto, não podereis ter um sono tranquilo se não a expulsardes.

Atentai a este fato: Buda não é um corpo físico, é a Iluminação. O corpo físico perece, mas a Iluminação subsistirá para sempre na verdade do Dharma e na prática deste. Aquele que apenas vê o meu corpo não me vê realmente. Somente aquele que aceita meu ensinamento consegue me ver.

Comentário: quando se desprendeu do corpo, a consciência do Buda, iluminada nos caminhos do pós-morte, aliviou-se para além do espaço-tempo.

A obra de Buda é tão perene quanto é infindável o erro dos homens. Assim como a profundidade do erro é insondável, a compaixão de Buda não tem limites.

O Buda Eterno

Homens creem que Buda nasceu como Príncipe e que, como monge mendicante, trilhou o árduo caminho da Iluminação. Não obstante esta longa preparação, Buda sempre existiu neste mundo, que não tem nem princípio nem fim.

É difícil conhecer o mundo como ele verdadeiramente é, pois embora pareça real, ele não o é, e embora pareça falso, ele também não o é. Os tolos não podem conhecer a verdade a respeito do mundo.

Somente Buda conhece, verdadeira e completamente, o mundo como ele é. Ele o mostra, nunca dizendo que ele é real ou falso, que é bom ou mal.

Parábola do pai que mente sua morte para os filhos para que eles tomem o remédio e se curem.

Não se deve condenar a mentira deste pai médico pois Buda é como este pai: Ele também usa a alegoria da vida e da morte para salvar os homens que se vêem escravizados pelo desejo.

Comentário: este mundo não tem princípio nem fim.

O corpo de Buda é a própria Iluminação! Sendo amorfo e sem substância, ele sempre existiu e para sempre existirá. Não é um corpo físico nem deve ser nutrido. É um corpo eterno cuja substância é a sabedoria. Buda, portanto, é sem medo, sem doenças, eterno e imutável.

Comentário: sabedoria = luz, ignorância = trevas. Morte (desaparecimento do corpo) = renovação da vida, renascimento em condição de Buda.

Dharmakaya é a substância do Dharma, ou seja, a substância da própria verdade. Enquanto Essência, Buda não tem forma ou cor, Ele não vem e nem vai para lugar algum. Como o céu azul, Ele abarca todas as coisas e desde que tudo tem, de nada necessita. Em sua essência, Buda abrange todo o universo, atingindo todos os lugares, e existe eternamente, quer os homens nele acreditem ou duvidem de sua existência.

Sambhogakay significa que a natureza de Buda, o todo amorfo constituído pela Compaixão e Sabedoria, manifesta-se através dos símbolos do nascimento e da morte, através dos símbolos dos votos, da prática ascética e da sua revelação a fim de salvar todos os seres.

Nirmanakaya, que neste aspecto completa o alívio oferecido pelo Buda da Recompensa, significa que Buda se manifestou no mundo com um corpo físico e mostrou aos homens, segundo as suas faculdades, os aspectos do nascimento, da renúncia a este mundo e da aquisição da Iluminação. Neste corpo, Buda usa de todos os meios, tais quais a doença e a morte, para guiar os homens.

Sobre limitação da consciência humana à dualidade vida-morte:

Quando a lua se põe ao olhar dos homens, costuma-se dizer que ela desaparece e desponta, aparece. Mas na realidade a lua não aparece nem desaparece, brilha imutavelmente no firmamento. Buda é exatamente como a lua: não aparece nem desaparece, apenas parece fazê-lo assim para que possa guiar os homens.

Na realidade, a verdadeira natureza de todas as coisas transcende as distinções entre nascimento e morte, entre início e fim, entre bem e o mal. Todas as coisas são sunyata e homogêneas.

Discriminações ignorantes:

Por causa da ignorância e das falsas interpretações, os homens criam discriminações, que na realidade não existem. Inerentemente, não existe discriminação entre o certo e o errado no comportamento humano, mas os homens, por causa de sua ignorância, imaginam tais distinções, julgando-as como certas ou erradas.

Fazendo de seus atos o campo de satisfação do ego, nutrindo a mente de discriminações, anuviando-a com a tolice, fertilizando-a com a chuva dos desejos ardentes, irrigando-a com a obstinação do ego, os homens lhe acrescentam o conceito do mal e com isso carregam consigo mais este fardo de ilusão.

Na realidade, este corpo de desilusão nada mais é do que o produto da própria mente, assim como o são as ilusões da tristeza, a lamentação, o sofrimento e a agonia.

Comentário: tristeza, lamentação, sofrimento e agonia: produto mental.

Este mundo de erro não é senão a sombra causada pela mente. É de se notar, contudo, que é desta mesma mente que emerge o mundo da Iluminação.

Sobre Destino, Deus ou Acaso: a verdade da Lei da Causalidade.

Neste mundo há três errôneos pontos de vista. Primeiro, diz-se que toda experiência humana baseia-se no Destino; segundo, afirma-se que tudo é criado por Deus e controlado por sua vontade; terceiro, diz-se que tudo acontece ao acaso, sem ter uma causa ou condição.

Se tudo tem sido decidido pelo destino, tanto as boas como as más ações são predestinadas, a felicidade e a desdita também o são, nada existe sem que tenha sido predestinado. Se assim fosse, todo os planos e esforços para melhora ou progresso seriam em vão e à humanidade não restariam esperanças.

O mesmo se diga quanto aos outros pontos de vista, pois se tudo em última instância está nas mãos de Deus ou depende da cega eventualidade, que esperança poderá ter a humanidade nesta cega submissão? Não é de se admirar que os homens, crendo nestes conceitos, percam a esperança e não se esforcem para agir corretamente e evitem o mal. 

Sobre a estrutura da mente.

As atividades da mente não têm limite, elas criam as circunstâncias da vida. Uma mente corrompida cerca-se de pensamentos impuros, e uma mente pura, pelo contrário, cerca-se de cosas puras; disto se conclui que o ambiente ou as circunstâncias são tão ilimitáveis quanto o são as atividades mentais.
Nada exista no mundo que não seja criado pela mente.

Mas a mente que abriga a necessidade e a cobiça, que cria seus ambientes, nunca está livre de lembranças, temores e lamentações, não só do passado, como também do presente e do futuro.

A vida e a morte nascem da mente e nela existem. Daí, uma vez desaparecida esta mente, o mundo da vida e da morte também se extingue.

Um obscuro e desnorteado viver surge de uma mente confusa com seu mundo de ilusão. Quando aprendermos que fora da mente não existe nenhum mundo ilusório, a mente anuviada tornar-se-á clara, e se não mais nos cercarmos de ambientes impuros, estaremos prontos para alcançar a Iluminação.

Comentário: fora da mente ignorante, tudo é Luz e Verdade.

Deste modo, o mundo da vida e da morte é criado pela mente, a ela se sujeita e por ela é regido, a mente é o senhor de toda situação. O mundo do sofrimento é assim causado por uma mente mal orientada.

A forma real das coisas.

Desde que tudo no mundo é causado pelo concurso das causas e condições, não poderá haver nenhuma distinção básica entre as coisas. As aparentes distinções são criadas pelos absurdos e discriminadores pensamentos dos homens.

No universal processo da criação não há, inerentemente, distinções entre o processo da vida e da extinção, mas os homens fazem distinção chamando a um de nascimento e a outro de morte.

Buda se afasta destas discriminações e considera o mundo comum uma nuvem passageira. Para Buda, toda coisa definitiva é mera ilusão porque Ele sabe que tudo aquilo ao qual a mente se apega e despreza é sem substância, assim ele evita as ciladas das aparências e os pensamentos discriminadores.

Comentário: se a mente apega ou despreza é porque é ilusão.

Devido a esta constante mudança nas aparências é que comparamos as coisas a uma miragem ou um sonho. Da mesma maneira, pode-se dizer que as coisas são como ilusões, não podendo ser consideradas como existentes, nem como não-existentes.

Comentário: sim, porque na verdade o que importa é a mente!

Transcender a dualidade sujeito x objeto.

Além disso, é um erro identificar esta vida efêmera com a imutável vida da verdade. Também não se pode dizer que, ao lado deste mundo de mudanças e aparências, exista outro mundo de constância e verdade. Será erro também considerar este mundo como ilusório ou real.

Os tolos consideram a vida como existência ou não-existência, mas os sábios a consideram como lago que transcende a existência e a não-existência, mas os sábios a consideram como lago que transcende a existência e a não-existência; este é o procedimento do Caminho do Meio.

Os homens, habitualmente, relacionam-se a si mesmos e a tudo com o nascimento e a morte, mas, na realidade, não há tais concepções. 

Quando os homens compreenderem esta verdade, aperceber-se-ão da verdade da não-dualidade: do nascimento e da morte.

Os homens, porque nutrem a ideia de um ego, apegam-se à ideia de posse; mas, como não há um "eu", não pode haver um "meu". Se puderem compreender esta verdade, poderão, então, compreender a verdade da não dualidade.

O sábio aprende a encarar as cambiantes circunstâncias da vida, com uma mente imparcial, não se exaltando com o sucesso nem se deprimindo com o fracasso. Assim se compreende o princípio da não-dualidade.

Desde o mais remoto passado, sendo condicionados, homens ignorantes acreditavam que a mente discriminadora, que fica à base desta vida de nascimento e morte, fosse a sua verdadeira natureza; e não sabiam que, oculta pela mente discriminadora, eles possuíam a mente pura da Iluminação, que é sua verdadeira natureza.

A mente discriminadora está vazia de toda substância e está em constante mudança. Mas desde que os homens acreditam que esta é a sua verdadeira mente, as ilusões passam a ser parte integrante das causas e condições que produzem o sofrimento. 

Comentário: sim, a mente vulgar é discriminadora e está sujeita a causas e condições de ignorância. 
Neste sentido, Buda e Cristo foram ambos revelações divinas muito auspiciosas. O primeiro, mostrou o caminho puro para mente Iluminada, e o segundo mostrou aos homens que o espírito sobrevive ao corpo. Graças a Deus!

As confusões e o aviltamento da mente são criados pela cobiça, bem como pelas reações às suas mutáveis circunstâncias. Não se pode dizer que uma hospedaria desaparece, apenas porque o hóspede aí não é visto.

Comentário: Desejar coisas no futuro x cumprir o dever no presente: a mente é instável em seus desejos e humores, e o que é instável não pode ser real 

Somente a mente "temporária" tem diferentes sentimentos, de momento a momento, com as imutáveis circunstâncias da vida.

Comentário: homens (e mulheres rsrs) apegam-se a discriminações falsas (bem x mal, vida x morte,etc), e sofrem.

O corpo e a mente poderão desaparecer, mas a natureza de Buda não pode ser destruída.

Comentário: Corpo-mente:psicossomático - Espírito: Buda

Sobre a luxúria:

A luxúria fertiliza o solo em que outras paixões florescem. É como um demônio que devora todos os bons atos do mundo. A luxúria é a víbora oculta na flor do jardim e envenena aqueles que vêm à procura da beleza. É a trepadeira que se enreda na árvore, sufocando-a. A luxúria insinua seus tentáculos nas emoções humanas, e suga o bom senso da mente. A luxúria é como a isca atirada por um demônio: o tolo se deixa por ela fisgar e é arrastado para as profundezas do mundo do mal. 

Se um osso coberto de sangue for dado a um cão, ele o roerá até ficar cansado e frustrado. A luxúria é para o homem exatamente como o osso é para o cão; ela apenas o cansará e não o satisfará.

Do desejo nasce a ação, da ação surge o sofrimento, destarte, o desejo, a ação e o sofrimento são como uma roda que gira interminavelmente, condicionando o karma.

Sobre a vida humana:

Não importando se são ricos ou pobres, os homens se preocupam com o dinheiro; sofrem com a pobreza e sofrem com a riqueza. Nunca estão contentes ou satisfeitos, porque suas vidas são controladas pela cobiça.

Comentário: questão: morador de rua renuncia ao conforto e à riqueza, mas se pode dizer que estão afastados da cobiça?

O pobre sempre sofre com a insuficiência, e isto serve para despertar-lhe intermináveis desejos por um terreno, por uma casa. Inflamado pela cobiça, ele destrói o corpo e a mente e acaba morrendo na metade de sua vida.

Comentário: ignorância_discernimento_carência_insatisfação_cobiça. 

Bodhisattva: Com o surgimento do budismo mahayana, este termo foi utilizado para designar todos aqueles que se esforçavam para atingir o estado de um Buda (a perfeita sabedoria). Aqueles que tentavam conduzir os outros ao reino de Buda por meio de sua grande compaixão, enquanto eles próprios buscavam este objetivo.

Bodhisattva

Bodhisattva

A terra de pureza do Buda Amida brilha com a beleza e o ar vibra com as celestiais harmonias. Seis vezes ao dia e à noite, do céu caem pétalas de flores delicadamente coloridas, e os homens as recolhem e as levam a todas as outras terras de Buda, ofertando-as aos inumeráveis Budas.

O número daqueles que nascem em Sua Terra Pura, são perfeitamente iluminados e  jamais retornarão ao mundo de delusões e morte é incalculável.

Homens que com fé sincera e confiança poderão renascer na Terra da Pureza de Buda, sendo conduzidos por Buda Amida e muitas outras deidades que aparecem em seu derradeiro momento.

Purificação da Mente: cautela e tolerância para extinguir o fogo das paixões mundanas.

Ideias corretas baseadas em cuidadosa observação;
paciente controle do corpo e da mente;
respeito ao adequado uso das coisas;
tolerar desconfortos do calor e do frio, da fome e da sede;
aprender a ser tolerante;

Não há nenhum meio pelo qual se possa escapar da cilada das paixões mundanas. Suponhamos que você tenha apanhado uma cobra, um crocodilo, um pássaro, um cão, uma raposa e um macaco, seis criaturas de naturezas muito diversas, e que as tenha amarrado junto com uma corda e as tenha deixado ir. Cada uma delas tentará voltar às próprias tocas. Na tentativa de cada um buscar o caminho da fuga, haverá luta, mas, estando atados uns aos outros pela corda, o mais forte deles arrastará todo o resto.

Como as criaturas nesta parábola, o homem é tentado de diversas maneiras pelos desejos dos seus seis sentidos - olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente - e é controlado pelo desejo predominante.

Se as seis criaturas forem atadas a um poste, elas tentarão fugir até se extenuarem. Assim, os homens deverão treinar e controlar a mente, para que não tenham preocupações com os outros cinco sentidos. Se a mente estiver sob controle, eles poderão ter felicidade não só agora, como também no futuro.

O homem que busca a fama, a riqueza e casos amorosos é como uma criança que lambe mel na lâmina de uma faca. Ao lamber a doçura do mel, a criança corre o risco de ter a língua ferida. É como o tolo que carrega uma tocha contra um vento forte; correndo o risco de ter o rosto e as mãos queimadas.

Estavam espalhando má fama sobre Buda e seus discípulos, o que dificultava que mendigassem alimento naquela cidade. Um discípulo queria alcançar outra cidade, mas Buda permaneceu na primeira, porque não sabiam se na outra a mesma calúnia poderia estar ocorrendo. Moral da história: não ser controlado pelo ambiente externo.

Viúva que tratava bem a criada, mas quando a criada propositalmente abdicou de acordar cedo, a mulher a torturou. Moral da história: Muitos homens são como esta mulher. Enquanto seus ambientes são satisfatórios, eles são bondosos, modestos e tranquilos, mas é duvidoso se continuarão a se comportar da mesma maneira, quando as condições mudarem e se tornarem insatisfatórias.

Somente podemos considerar boa uma pessoa se ela mantiver a mente pura, serena e continuar a agir com bondade, mesmo quando ouvir palavras desagradáveis, quando os outros lhe mostrarem má vontade ou quando estiver privada de suficiente alimento, roupas e abrigo.

Comentário: raiz do descontrole, seja quando se exalta e fica nervoso, ou quando se deprime e fica triste, ambos por influência de fatores externos agindo sobre uma mente desestabilizada.

"Nobre senhor" - respondeu Píndola - "o Bem-Aventurado nos ensinou a guardar as portas dos cinco sentidos. Quando vemos belas figuras e cores com nossos olhos, quando ouvimos sons agradáveis com nossos ouvidos, quando sentimos a fragrância com nosso nariz, quando degustamos a doçura das coisas com nossa língua, ou quando tocamos as coisas macias com nossas mãos, nós não nos apegamos às coisas atraentes nem alimentamos repulsa pelas coisas desagradáveis. Aprendemos a guardar cuidadosamente destes cinco sentidos. É por este ensinamento do Abençoado que os jovens discípulos podem manter puros suas mentes e corpos.

Milhares de velas podem ser acesas com uma única vela, a qual não terá sua vida diminuída por causa disso. A felicidade nunca decresce por ser compartilhada.

É difícil atender o ensinamento de Buda;
É difícil não desejar as coisas que são belas e atraentes;
É difícil permanecer inocente quando se é tentado pelas coisas repentinas;
É difícil manter-se humilde;
É difícil suportar a disciplina que leva à Iluminação;
É difícil encontrar e aprender um bom método.

Os bons e os maus homens diferem-se uns dos outros por sua natureza. Os maus não reconhecem nas ações erradas um erro e se este erro for trazido à sua atenção, eles continuarão a praticá-lo e desprezarão todo aquele que se advertir sobre seus maus atos. Os bons e sábios homens são sensíveis ao que é certo e errado, param de fazer algo tão logo percebem que está errado e são gratos a todo aquele que lhes chama atenção sobre coisas erradas.

Suponhamos um homem trespassado por uma flecha envenenada e que seus parentes e amigos tenham resolvido chamar um cirurgião para retirar a seta e pensar sobre a ferida.

Mas o ferido objetou, dizendo: "Esperem um pouco. Antes que retirem a flecha, quero saber quem a tirou. Foi homem ou mulher? Foi algum nobre ou camponês? De que era feito o arco? O arco que atirou a flecha era grande ou pequeno? Era ele feito de madeira ou bambu? De que era feita a corda do arco? Era ela feita de fibra ou tripa? A seta era de rota ou junco? Que penas eram usadas? Antes que extraiam a seta, quero saber tudo a respeito dessas cosia."

A resposta à indagação se o universo tem limite ou se é eterno pode ser relegada, até que um meio de extinguir os fogos do nascimento, velhice, doença e morte seja encontrado. Diante da lamentação, tristeza, sofrimento e da dor, deve-se primeiro procurar um meio para solucionar estes problemas e dedicar-se à prática deste meio.

No capítulo "O caminho da realização prática", uma série de parábolas sobre pessoas que tiveram muita fé e confiança, e se esforçaram muito, abandonando a comodidade para manter firmeza na compaixão e boa vontade. Pessoas que uniram a paciência com a determinação para não aceitar o sofrimento. Parábolas sobre pessoas que se sacrificaram pela verdade, enfrentaram não só a carência material e rigor mental da ascese, mas também passaram por mortificações físicas.

Aqueles que buscam a Iluminação devem fazer de suas mentes um castelo e decorá-lo. Devem abrir de par a par os portões do castelo de suas mentes para, respeitosa e humildemente, convidar Buda a entrar em sua recôndita fortaleza, aí lhe oferecendo o fragrante incenso da fé, e as flores da gratidão e alegria.

Comentário: fé e segurança são as melhores companheiras, mas também se deve manifestar regozijo por receber o ensinamento de Buda, e gratidão através da caridade e compaixão.

Considerar os sentidos como fonte de sofrimento, quaisquer que possam ser seus sentimentos de dor ou prazer. 

A prática da Tolerância ajuda-nos a controlar a mente temerosa e irada; a prática do Esforço ajuda-nos a ser diligentes e fidedignos; a prática da Concentração ajuda-nos a controlar a mente dispersiva e fútil; e a prática da Sabedoria transforma a mente entrevada e confusa em uma mente clara e de penetrante introspecção.

Um rio começa como um pequeno riacho e fica cada vez mais largo, até desembocar no vasto oceano. Como estes exemplos, se um homem treinar com paciência e perseverança, seguramente, obterá a Iluminação.

Auto-depreciação: queimar o ego;
respeito pela virtude do outro: espelhamento.

Sobre a fraternidade dos irmãos sem lar:

Deve-se usar velhas e surradas roupas; mendigar o próprio alimento; ter como lar o local onde a noite os encontra, sob uma árvore ou sobre uma rocha; usar somente um especial remédio legado pela Fraternidade.

Carregar uma tigela na mão e ir de casa em casa é a vida de um mendigo, mas um irmão não é induzido por outros a assim fazer, ele não é forçado a isso pelas circunstâncias ou pela tentação. Ele o faz de livre e espontânea vontade, porque sabe que uma vida de fé o afastará das delusões, ajudá-lo-á a evitar o sofrimento, e o conduzirá rumo à Iluminação.

Comentário: quero usar a ascese do irmãos sem lar como parâmetro positivo para estudar os moradores de rua, isto é, estou nivelando por cima. Assim poderei ressaltar seus pedaços de sabedoria, bem como a degradação que surge daquele meio de vida. Ainda assim, vou queimar uma pedra de crack e escrever um relato sobre os delírios dos moradores de rua. Preciso voltar na maloca...

À noite deve reservar um tempo para uma tranquila meditação e para uma pequena caminhada antes de se recolher. Para um sono reparador, deve repousar sobre o lado direito, com os pés juntos, e ter como último pensamento a hora em que desejar levantar-se de madrugada. Deve reservar uns minutos, logo de manhã, para a meditação e para um pequeno passeio.

Eles não temem a morte futura, já que acreditam no renascimento na Terra de Buda. Desde que têm fé na verdade e santidade dos ensinamentos, eles podem expressar seus pensamentos livres de temor.

Comentário: se eu acredito, não tenho medo de expressar.

Aqueles que não acreditam nos ensinamentos de Buda têm uma visão estreita e, consequentemente, uma mente perturbada. Mas, se aqueles que acreditam no ensinamento de Buda, acreditando que há uma grande sabedoria e uma grande compaixão envolvendo todas as coisas, não se perturbarão com ninharias.

Aqueles que seguem o ensinamento de Buda, porque entendem que tudo é caracterizado pela "não-substancialidade", não tratam levianamente as coisas que entram na vida de um homem, mas as aceitam como e para o que elas são, e tentam fazê-las dignas de Esclarecimentos.

Não devem pensar que este mundo não tem significado e que está cheio de confusão, já que o mundo da Iluminação é cheio de significado e de paz. Devem, antes, experimentar o caminho da Iluminação em todas as coisas deste mundo.

Comentário: sunyata (vacuidade = ausência de dualidade, transcendência) é diferente de niilismo, uma vez que compaixão, bondade e sabedoria são virtudes da mente que busca a Iluminação.

Se um homem olhar o mundo com os olhos corrompidos e ofuscados pela ignorância, ele o verá cheio de erros, mas se olhar com a clara sabedoria, o verá como o próprio mundo da Iluminação.

O fato é que há apenas um mundo, não dois, um sem significado e o outro cheio de significado, ou um bom e o outro mau. Os homens levados por sua faculdade discriminadora, insistem em pensar que há dois mundos.

Se eles pudessem se livrar destas discriminações e conservar suas mentes puras, com a luz da sabedoria, então, poderiam ver apenas um único mundo, no qual tudo tem o seu significado.

Comentário: niilistas não passarão.

Os leigos devem purificar suas mentes de todo o orgulho e alimentar a humildade, a cortesia e a serventia. Suas mentes devem ser como a dadivosa terra que nutre tudo imparcialmente, que serve sem se queixar, que sofre pacientemente, que está sempre zelosa, que encontra a maior alegria em servir aos pobres, plantando em suas mentes as sementes do ensinamento de Buda.

Comentário: a terra nutre!

É errado pensar que os infortúnios vêm do leste ou do oeste, porque eles se originam na própria mente. Portanto, é tolice proteger-se contra os infortúnios vindos de fora e deixar descontrolada a mente.

Os "seis orifícios" que causam a perda da riqueza são os desejos pelas bebidas intoxicantes e tolo comportamento; estar acordado até altas horas da noite, desperdiçando a mente em frivolidade; viciar-se em espetáculos musicais e teatrais; jogar; associar-se às más companhias; negligenciar seus deveres.

Por outro lado, o homem não deve considerar o dinheiro que ganhou como totalmente seu. Parte deve ser compartilhada com os outros, outra parte deve ser economizada para qualquer emergência, outra parte deve ser separada para as necessidades da comunidade, sendo que algum dele deve ser dedicado às necessidades religiosas.

Sempre se deve lembrar que nada no mundo pode ser estritamente considerado como "meu". Tudo o que chega a uma pessoa vem movida pela combinação das causas e condições, ela pode conservá-lo apenas temporariamente e, portanto, não deve usá-lo de forma egóica ou para indignos propósitos.

Receberei cortesmente a todos, dar-lhes-ei o que precisarem, falarei afetuosamente com eles; considerarei as suas circunstâncias e não a minha conivência; tentarei beneficiá-los sem parcialidade.

Comentário: a pessoa é praticamente um fractal.

O ressentimento não pode ser satisfeito com ressentimento; somente pelo esquecimento se pode removê-lo.

Conclusão: se descemos à matéria como alma condicionada, ou foi para realizar uma missão, ou por ignorância mesmo dos caminhos do pós-morte. De qualquer maneira, aqui é onde as coisas se realizam, e o ensinamento do Buda é o mínimo que eu devo buscar para evitar o sofrimento da vida material, seja para me unir ao Buda no futuro, ou para concretizar realizações aqui mesmo.

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