domingo, 10 de abril de 2016

Do o controle que os hardwares e softwares exercem sobre o comportamento do ser humano

O Brasil está tomado por dispositivos inteligentes conectados através de telefonia móvel de mensagens e imagens instantâneas. Destacadas daquilo que é concreto as pessoas têm como mais novo órgão do corpo orgânico os gadgets que as afastam de si mesmas para as aproximarem apenas virtualmente de seus semelhantes.

Embora as críticas a esse sistema existam, ninguém passa incólume a esta inversão da realidade em que a velocidade da troca de informações é tao nauseantemente absurda que numa vã aspiração à onipresença os indivíduos expõem-se e se projetam à ampla visualização.

"Sentindo-se o pica das galáxias e achando que tudo que faz é muita onda".

Tenho em mim este desconforto visceral que me faz cuspir no chão em desespero, e me proclamar contra esse sistema que cresce como um Leviatã de zeros e uns é ser taxado de antiquado.

Diante da efemeridade de tudo o que acontece, o mais novo fenômeno de exortação tecnológica é o sórdido hábito de registrar em fotografias das mais banais todo e qualquer acontecimento ignóbil, e as dispor em "redes sociais" como a dizer "não obstante a avalanche de tudo o que acontece, cá também estou eu!". E estes parvos seres humanos ainda se engrandecem de contentamento quando, no interior de tais programas, recebem "likes" e outros indicativos de aprovação virtual. Amigos virtuais, perfis virtuais, personalidades virtuais. Sim, coitados de todos nós! Quão insólito é viver nestes dias!

Sou apurado em meu diagnóstico?, ou essas impressões tão asseveradas são reflexo da minha condição psicológica desassossegada? Não: para mim esta realidade existe, vivo dentro dela e por ela sou cotidianamente abatido ao ponto de supor que se tão intensa inocuidade do indivíduo a que somos submetidos pelos softwares e apps não responde a premeditados interesses malignos, então a própria ideia de progresso é apenas um grande labirinto no interior do qual andamos como baratas tontas, chocando a testa na parede, sem saber se galgamos um futuro melhor ou apenas nos imiscuímos desorientados à espera da hora da morte.

Multidões no metro hipnotizadas por brilhantes telas celulares, apenas para desbloquear o smartphone, abrir um app qualquer e descer a tela à espera de alguma novidade que ele sabe que não está lá, para bloquear a tela de novo e repetir tudo dali a 2 minutos.

Sim, aguardo com fervor distópico o dia em que tais plataformas virtuais serão dissolvidas. Enquanto isso fico com vossos likes.

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