quarta-feira, 1 de março de 2017

Eu preciso de férias das minhas férias: um período em que eu não volte para a "programação normal", mas que também não tenha de ficar aqui, em casa.

Eu quero, de uma vez por todas, me tornar outra pessoa: mudar definitivamente meus hábitos e minha personalidade - dar reset e recomeçar do princípio, enquanto ainda há tempo.

Eu quero voltar para o Vipassana, eu quero estar num mosteiro - um retiro espiritual que seja permanente, eu quero tornar-me um monge.

Não preciso de viajar, pois minha sede de wanderlust e de contemplação de paisagens já foi saciada, uma vez que eu realizei que tudo o que há é só a minha mesma consciência de observador projetando-se sobre a topografia natural, pessoas ou situações. No pouco que vi, eu já vi tudo, e se  eu continuasse, só tornaria a ver de novo a mim mesmo. E ademais, quem viaja apaixona-se pelas formas da natureza da mesma maneira que quem deseja apaixona-se pelas formas corporais: a curva do corpo de uma mulher ou o contorno de uma montanha, ambos são belos mas efêmeros - a carne apodrece e a rocha sofre erosão.

Eu quero o que é espiritual e eterno - quero tudo disso, e vou consegui-lo pela contemplação divina - da mesma maneira que quem rega uma raiz está regando a planta toda, quem se entrega a Deus entrega-se à unidade.

E a unidade, sim, a unidade é o objetivo maior de toda a vida humana, seja a do casal conjugal que partilha uma mesma alma, seja a do devoto que, vivendo sob regime ecumênico, tem na sua vida e no seu corpo nada mais que apenas uma engrenagem para o funcionamento do templo.

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