O que dizer da breve conversa que tive hoje no metro ao voltar de um final de semana terapêutico com a Isabela? Um senhor "mais velho que andar para trás" - 79 anos - sentou-se ao meu lado no metro e, pelo fato de eu estar com meu diário e caneta em mãos, começou assim a conversa:
- Você é engenheiro civil? Parece engenheiro civil.
Depois de alguns segundos de prosa surpresa de metro, falou que "você está aí,quieto, mas tá de olho no que acontece no ambiente", que "você calcula as palavras, não fala por besteira", que posso "ser professor de crianças evangélicas" e "tocar órgão, música romântica".
Sua energia, gestos e jeito de falar não denunciavam, nem se longe, a idade que tinha. Disse que não gostava de ficar ao lado dos velhos porque quando se fala "carona de caminhão" eles entendem "Cosme e Damião". Bem-humorado, simpático e misterioso. Qual o significado deste episódio?
Ele não falou nada de que discordo. Pelo contrário, localizou meu incipiente interesse em atividades pedagógicas e o recente marco de valorização dos ensinamentos arcanos e práticas mágicas em minha trajetória.
Estas palavras provavelmente regidas e manipuladas em meu favor pelo Acaso me encheram de gratidão. Abençoaram-me com uma boa dose de satisfação e auto-confiança que esperançosamente irá me motivar por essas semanas.
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Paro agora para ponderar o significado que têm estas conversas-surpresa em minha personalidade. Seja o senhor acima, o segurança do shopping, o mendigo totalmente amigável na São Joaquim ou Grande caiçara florianopolitano sem-teto, que vivia "só de comer peixe, farinha e água", todos me proporcionam o meu tipo de conversa favorito: as espontâneas, educadas, sinceras e, notadamente, com pessoas mais velhas, e que puxam o assunto em dianteira. Isto é significante. Se por um lado evidencia minha dificuldade em disparar o início da conversa, por outro deixa claro o valor que atribuo à experiência da alteridade. O trekking, neste sentido, foi o contraponto da civilização. De qualquer forma, fica verificado meu interesse por pessoas que se apresentam como misteriosas, estudiosas, "vividas" ou que tenham, assim como eu, algo a dizer. Tornam-se inspiradoras à medida que sinto poder aprender algo com elas. Assim valido meu interesse íntimo na pesquisa etnográfica com moradores de rua. No entanto me falta: aprender sobre populações de moradores de rua e ganhar confiança para o contato, bem como justificar meu interesse científico no morador de rua.
- Você é engenheiro civil? Parece engenheiro civil.
Depois de alguns segundos de prosa surpresa de metro, falou que "você está aí,quieto, mas tá de olho no que acontece no ambiente", que "você calcula as palavras, não fala por besteira", que posso "ser professor de crianças evangélicas" e "tocar órgão, música romântica".
Sua energia, gestos e jeito de falar não denunciavam, nem se longe, a idade que tinha. Disse que não gostava de ficar ao lado dos velhos porque quando se fala "carona de caminhão" eles entendem "Cosme e Damião". Bem-humorado, simpático e misterioso. Qual o significado deste episódio?
Ele não falou nada de que discordo. Pelo contrário, localizou meu incipiente interesse em atividades pedagógicas e o recente marco de valorização dos ensinamentos arcanos e práticas mágicas em minha trajetória.
Estas palavras provavelmente regidas e manipuladas em meu favor pelo Acaso me encheram de gratidão. Abençoaram-me com uma boa dose de satisfação e auto-confiança que esperançosamente irá me motivar por essas semanas.
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Paro agora para ponderar o significado que têm estas conversas-surpresa em minha personalidade. Seja o senhor acima, o segurança do shopping, o mendigo totalmente amigável na São Joaquim ou Grande caiçara florianopolitano sem-teto, que vivia "só de comer peixe, farinha e água", todos me proporcionam o meu tipo de conversa favorito: as espontâneas, educadas, sinceras e, notadamente, com pessoas mais velhas, e que puxam o assunto em dianteira. Isto é significante. Se por um lado evidencia minha dificuldade em disparar o início da conversa, por outro deixa claro o valor que atribuo à experiência da alteridade. O trekking, neste sentido, foi o contraponto da civilização. De qualquer forma, fica verificado meu interesse por pessoas que se apresentam como misteriosas, estudiosas, "vividas" ou que tenham, assim como eu, algo a dizer. Tornam-se inspiradoras à medida que sinto poder aprender algo com elas. Assim valido meu interesse íntimo na pesquisa etnográfica com moradores de rua. No entanto me falta: aprender sobre populações de moradores de rua e ganhar confiança para o contato, bem como justificar meu interesse científico no morador de rua.
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