Capítulo I - Descrição geral
Todo estudante de Ocultismo sabe que o homem possui diversos corpos ou veículos, que lhe possibilitam manifestar-se nos diferentes planos da natureza: plano físico, astral, mental e outros.
Os fenômenos etéricos correspondem à matéria com baixo grau de densidade, isto é, se há o corpo denso composto pela matéria em estado sólido, líquido e gasoso, há também o corpo etérico, que congrega as partículas atômicas, subatômicas, super-etéricas e etéricas.
O duplo etérico ultrapassa a epiderme em mais ou menos 1/4 polegada (0,635 cm). Dito isto, fica claro que o duplo etérico é uma camada de matéria fina ou rala que envolve o corpo físico, conservando o seu aspecto. Por isso "depois da morte, separado do corpo físico denso, é a 'alma do outro mundo', o 'fantasma', a 'aparição' ou o 'espectro dos cemitérios'". Sua cor é roxa acinzentada ou azul acinzentada pálida.
"Toda parcela sólida, líquida ou gasosa do corpo físico está cercada por um invólucro etérico; o duplo etérico, como indica o seu nome, é, pois, a reprodução exata da forma densa. [...] o corpo denso e o duplo etérico variam concomitantemente em qualidade; por conseguinte, quem se aplique a purificar o corpo denso, aperfeiçoará, ao mesmo tempo e automaticamente, a sua contraparte etérica.
O duplo etérico todavia não apresenta consciência nem inteligência. Na verdade, o duplo etérico é uma ferramenta de distribuição do Prana (vitalidade/força vital) através dos chakras. Além de absorver a vitalidade, o duplo etérico serve de "intermediário ou ponte entre o corpo físico e o corpo astral, transmitindo a este a consciências dos contatos sensoriais físicos e, outrossim, permitindo a descida ao cérebro físico e ao sistema nervoso da consciência dos níveis astrais e dos superiores ao astral." Com isto, Arthur Powell quer dizer que a sensibilidade não é dada apenas pelo contato sensorial experimentado por órgãos e tecidos sensíveis, mas sim que a sensibilidade emana do ambiente astral. O Ego encarnado existe para sentir, e conta com o veículo astral de onde baixa a sensação.
Uma pessoa saudável tem seu duplo etérico estável e preso ao corpo denso. Os fenômenos de mediunidades são justamente aqueles em que a matéria etérica é manipulada mas facilmente, o corpo físico perdendo a vitalidade que passa a se concentrar no duplo etérico. O transe é por excelência um momento de retirada de vitalidade do corpo físico e aproveitamento desta pelo corpo denso ou astral.
Por fim, vale dizer que há técnicas terapêuticas de manipulação do duplo etérico, a saber, vitalismo, magnetismo (mesmerismo/xamanismo).
Capítulo II - Prâna ou vitalidade
Há 3 forças emanadas do Sol que chegam à Terra.
1. - Fohat; - todas as energias físicas, isto é, magnetismo, eletricidade, luz, calor, som, movimento...
2. - Prâna ou vitalidade; - parcialmente ignorada pela ciência Ocidental.
3. - Kundaliní ou fogo serpentino; - completamente ignorada pela ciência Ocidental.
"Prâna é palavra sânscrita, derivada de pra (para fora) e de an (respirar, mover-se, viver). Assim, pra-an, Prâna, significa soprar. 'Sopro de vida' ou 'energia vital' são os equivalentes portugueses mais aproximados do termo sânscrito. Como para os pensadores hindus não há senão uma única Vida, uma só Consciência, designou-se por Prâna o Eu Supremo, a energia do único, a Vida do Logos. [...] é a vitalidade, a energia integrante que coordena as moléculas e células físicas e as reúne num organismo definido[...] sem Prâna, o corpo seria, quando muito, um agregado de células independentes [...] Prâna as reúne e as associa num todo único e complexo, percorrendo as ramificações e malhas da tela vital. Os animais vivos, plantas e minerais são produto do Prâna.
A formação da matéria a partir do Prana acontece na seguinte ordem: Prana físico, prana do duplo etérico, prana astral e por fim prana do pensamento. Balizando o pensamento por esta sequência, compreende-se por que os minerais têm prana, isto é, porque vibram, e como o progressivo aperfeiçoamento das capacidades sensitivas está relacionado à incrementação do Prana. Toda a vitalidade construtora do Universo é Prana; acontece que tal construção pode ser meramente física (mineral), com algum conteúdo nervoso (vegetal), com conteúdo sensiente elevado (animais), e auto-consciência elevada (símios e humanos). Assim o Prana equivale tanto ao mecanismo de organização estrutural da matéria, por um lado, e vitalidade derivada do glóbulo de saúde solar. A própria substância dos pensamentos é derivada do Prana, e uma vez que não se pode destacar o conteúdo do pensamento da qualidade do Prana, bons pensamentos contém prana saudável que ativa o corpo. A sensibilidade e saúde física é derivada do Prana solar.
"É por intermédio do Prâna que a energia kâmica, ou energia dos desejos, pode afetar o corpo físico, e que o prâna kâmico pode circular e colocar assim o corpo físico em comunicação direta com o astral. [...] O prana que dá aos órgãos físicos a atividade sensorial, e que transmite as vibrações externas aos centros sensórios situados no kâma, na bainha, imediatamente vizinha à do prana, o Manomayakosha. É graça ao duplo etérico que o prana segue os nervos do corpo e permite-lhes, assim, agir como transmissores, não somente dos impactos exteriores, como da energia proveniente do interior. [...]"
É importante notar que, apesar da presença dos nervos no corpo físico, não é este que possui a faculdade de sentir. Como veículo, o corpo físico não sente, é simples receptor de impressões. [...] Em primeiro lugar, aparece no corpo astral um centro que tem por função receber e responder às vibrações que passam ao duplo etérico, onde dão nascimento a turbilhões etéricos, que atraem parcelas de matéria física mais densa e acabam por formar uma célula nervosa, e enfim, grupos de células.
Prâna atua na sensibilidade entre o astral e físico, sendo a experiência sensorial uma vibração etérica de Prana que estimula o ponto receptor no veículo astral. Arthur Powell insiste numa abordagem sensorial que não elege o impulso nervoso sentido pela célula como o fator determinante da sensibilidade. Não é o cérebro que sente. O autor mostra, com efeito, como a substância vital, Prana, responsável por animar a matéria - presente nos minerais, vegetais e animais - transmite o impulso nervoso sentido por células e órgãos (nervos dos olhos, ouvidos, língua, nariz e pele) ao centro astral do Ego, este que sim sente.
Assim como o sangue conduz oxigênio, o fluido nervoso transporta o prâna para todo o corpo. O azoto, cuja função está relacionada à viabilização do metabolismo do oxigênio, está para o oxigênio assim como o Prana está para o Duplo Etérico (= "veículos inértes da vida").
Capítulo III - Os centros de Força
Os chakras estão localizados na superfície do duplo etérico, a cerca de 6 mm do corpo físico. Os chakras tem aspecto de roda ou disco giratória. O clarividente os vê como depressões em forma de pires, constituindo vórtices.
A função dos chakras etérico consiste em absorver e distribuir o prana pelo duplo etérico e repassar para o corpo. Cada chakra manifesta a consciência física de um centro corporal, bem como a expressão de uma qualidade ou poder.
A ponte entre o veículo astral e o estado de vigília é realizada pelo chakras, isto é, quando os centros etéricos estão completamente desenvolvidos, o cérebro conserva a recordação integral das experiências astrais. Mas e quanto ao sonho lúcido?
Cada centro do corpo astral corresponde a um centro etérico. Arthur Powell portanto relaciona claramente os chakras etéricos presentes na superfície do duplo etérico com centros ou vórtices de quatro dimensões no veículo astral. Enquanto o centro etérico é situado na superfície do duplo etérico, o centro astral está no interior do corpo astral. Assim, há estreita correlação entre aperfeiçoamento dos centros etéricos - ativados e recebendo o prana que jorra perpendicularmente no centro do chakra- à viagem astral.
A estrutura de um centro etérico (chakra) lembra um nácar (madrepérola). A energia vital prana que emana do astral jorra perpendicularmente no centro de força do chakra e produz uma energia secundária em movimento circular, que é distribuída em raios como os de uma roda, o que também confere ao chakra a aparência de pétalas de flor. Cada chakra tem uma quantidade específica de raios.
Chakras não são órgãos físicos, mas sim vórtices presentes no duplo etérico, que funcionam irradiando o prana astral através de raios, referindo-se ou não a órgãos físicos individualizados. Com isso Arthur Powell deixa claro que não se deve buscar anatomicamente os chakras.
Sobre os chakras 8, 9 e 10 Arthur Powell diz que "referem-se aos órgãos inferiores, que não são empregados pelos estudantes da magia 'branca' [...] Os perigos atinentes a estes chakras são tão graves, que consideramos o seu despertar o maior dos infortúnios".
Capítulo IV - O Centro Esplênico
Aspecto brilhante e fulguroso. Ele tem função única, pois absorve os glóbulos de vitalidade da atmosfera - o Prana físico em suas 7 variedades - e o desintegra em seus átomos componentes, posteriormente distribuindo cada variedade do Prana aos outros chakras. As sete diferentes espécies de Prana têm cores violeta, azul, verde, amarela, alaranjada, vermelha carregada e rósea.
A qualidade do centro esplênico está diretamente relacionada à vitalidade do corpo astral. Permite viajar conscientemente em corpo astral e recordar as viagens astrais. Neste sentido o argumento de Arthur Powell é convincente, uma vez que no capítulo III sobre os centros de força o autor afirma tranquilamente que cada ponto do corpo astral corresponde a um centro etérico. Ademais, se todo o Prana emana do veículo astral, então é apenas natural que o centro esplênico, responsável pela recepção e fracionamento do Prana, esteja mais ligado às faculdades astrais.
Ao afirmar que os glóbulos carregados de Prana são redistribuídos aos pontos necessários do duplo etérico e do corpo, descarregando-se do prana semelhantemente à descarga de eletricidade - liberando ao final do processo uma emanação branca-azulada (aura de saúde) - o autor enfatiza que as subpartículas em questão são matéria.
Os átomos róseos são átomos originais, que atraíram ao seu redor os seis outros para forma o glóbulo de vitalidade. O Prana róseo é a vida do sistema nervoso, e pode ser inclusive lançado de um homem ao outro ( Cap. XII).
Powell considera que pessoas vivendo vizinhas a pinheiros ou eucaliptos são beneficiadas com vitalidade nervosa. A planta, que absorve o prana mas obviamente não se utiliza das frações energéticas para o sistema nervoso, fraciona e disponibiliza o prana róseo. Mas qual é a cor do prana utilizado pela planta para ativar seu sistema? Provavelmente uma espécie de Prana necessário tão somente à constituição física, porque Matéria, mas também referente a uma regulagem vital primitiva.
A transmissão do Prana de uma pessoa para outra pode acontecer em processos de cura ou vampirismo. O último é quando a pessoa não consegue adquirir por meios próprios o seu prana e acaba apresentando influência perniciosa diante de outras pessoas, sugando-as como esponjas. Já o processo de cura relaciona-se ao reparo de prejuízos físicos, como as sucções xamânicas.
O halo da saúde, de onde emana o Prana no veículo astral, está distante variadamente da superfície do corpo. Distância de 10 dedos durante a inspiração, de 12 durante a expiração, 18 ao andar, 24 ao correr e 100 ao dormir. Isto atesta o argumento de Powell segundo o qual durante o sono o Prana não é utilizado para animar o corpo físico, e sim outros elementos astrais. "Diz-se que a distância diminui quando o homem domina o desejo, obtém os oito Siddhis, etc." Isto significa que kama (=desejo) controlado libera mais energia vital para o etérico ou astral.
Como foi estudado, o chakra esplênico vitaliza o corpo astral e permite os sonhos lúcidos. Já que também ficou claro que o veículo astral é de natureza material, é possível que o sonho seja uma viagem de fato e não apenas um delírio?
Capítulo V - O Centro Base da Espinha Dorsal
Possui quatro raios. Recebe a cor vermelha-alaranjada enviada pelo centro esplênico. Deste centro, o raio vermelho-alaranjado vai aos órgãos genitais e proporciona energia à natureza sexual; parece também penetrar no sangue e manter o calor corporal.
Capítulo VI - O Centro Umbilical
Situado no umbigo, ou plexo solar, recebe prana vermelho e verde, e irradia em dez raios ou pétalas. Manifesta um raio verde no abdômen, vivificando fígado, rins, intestino e aparelho digestivo em geral.
O chakra do plexo solar também está relacionado às emoções e sentimentos, e seu desenvolvimento, assim como o do centro esplênico, aguça as percepções astrais. Além disso, o centro umbilical confere intuição, possibilitando aferir benevolência ou hostilidade em pessoas e lugares.
Capítulo VII - O Centro Cardíaco
Possui 12 raios e apresenta cor amarela dourada, brilhante. Se recebe adequadamente o fluxo redistribuído pelo centro esplênico, confere energia e regularidade. Transmite prana a todas as regiões do corpo e também ao cérebro, onde possibilita a concepção de pensamentos filosóficos e metafísicos.
O correspondente astral do chakra cardíaco possibilita a compreensão instintiva dos sentimentos manifestados por outras entidades astrais.
Assim, o chakra cardíaco favorece a empatia física ou sentimental.
Capítulo VIII - O Centro Laríngeo
Chakra de 16 raios, recebe cor azul ou prateada brilhante (claridade lunar). Recebe do centro esplênico o prana violeta-azul. Afeta a garganta com a cor azul clara, e o cérebro com azul carregado e violeta, que produz emoção de tipo espiritual.
O despertar do centro astral correspondente ao centro etérico laríngeo garante acuidade de audição no plano astral. Audição de vozes astrais.
Capítulo IX - O Centro situado entre os Supercílios.
Tem 96 raios, mas apenas duas pétalas, pois se encontra repartido em duas partes. Um tem coloração predominante rosa, mas também amarelada; e na outra predomina azul violáceo. Acredita-se que o prana que irradia este centro etérico seja de cor azul-carregada e violeta, recebido pelo Centro Laríngeo e emanado pela garganta até o cérebro.
No campo astral, o terceiro olho confere a faculdade de perceber nitidamente a natureza e a forma dos objetos astrais, em vez de apenas senti-los vagamente. No campo físico etérico, o terceiro olho permite ao homem começar a ver objetos e experimentar, acordado, visões de lugares e pessoas. Relacionado à visão etérica.