segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Fragmento meditativo e político

As atividades não precisam ser realizadas com truculência, na chamada correria, ou com a agitação de mãos afobadas e mente confusa. Certos indivíduos assim o fazem para atribuir maisvalor às suas ações, como se um corrupto ideal de produtividade lhes estrangulasse as intenções - a fundação de uma personalidade bitolada.
Que não se enganem os neófitos, pois todo o trabalho deve ser feito fácil, com o desfrute relaxado de regozijo em competência e bem-estar, como um Deus que dança e festeja e bebe todo o leite coletado por devotos que trabalham e separam do trabalho o tempo da diversão. Assim já partilhou o jovem Tommy Bolin quando disse que "Se você não estiver se divertindo ao fazer, não vale a pena fazê-lo."
Esta consideração desmascara uma malfadada Teoria Crítica da Sociedade, cujo comodismo de intelectuais no centro do mundo constrange e tenciona o infeliz estudante a veredas incertas e áridas, de uma suposta lógica do esclarecimento que, em verdade, é tentativa de imposição elitista da visão de mundo inflexivelmente tendenciosa desses intelectuais que travestem de objetividade científica sua própria amargura e aflição. 

A imagem do desafortunado militante que almeja uma sociedade mais justa, embora não consiga obter sequer a própria paz em seu espaço interior, e perambule acompanhado por uma nuvenzinha negra a chover e trovejar sobre sua cabeça somente.

Nos jardins regulares dos cemitérios também nascem flores, mas elas são malditas e exalam o perfume mórbido da morte.

A questão que ocorre a toda a teoria revolucionária quando vista de fora é: seria possível oferecer a outrem mais do que aquilo que se possui para si mesmo?

Que me importa?
Como girassol que cabisbaixa quando o sol se põe ao Ocidente, eu murcho também quando me percebo palavrando assim, como estudante de Ciências Sociais.

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