sexta-feira, 30 de setembro de 2016

14/09

A prova de que um texto para ser excelente não precisa ser enfadonho nem tampouco hermético. 

Penso que artigos, aulas e pessoas poderiam também se beneficiar deste princípio. Se Olga tinha um trunfo sobre-humano como militante, este era sua capacidade de comunicação: ao lado de quem se sentasse, nenhum passava desatento à sua conversa tão determinada quanto envolvente.

Quem quer faz-se expansível e busca a compreensão; muito diferente do professor de faculdade de Humanas que dentro da sala de aula tem o doutorado como escudo e a atitude blasé como espada, na guerra sem glória que é sua vida acadêmica levantada sobre artigos como sobre um castelo de cartas. Daí, com cara de muito sério, vai fumar cigarro sozinho no intervalo.

Isso é tudo o que há de mau com a mentalidade aristocrata de certos seres humanos com ideais, para quem a insígnia da suposta magnificência intelectual está colada em seus peitos, e ao aluno não convém nenhuma ação que não seja colocar uma flor a seus pés. Pois enquanto o erudito, como um pão-duro intelectual, presunçosamente acumula verdades como troféus, o sábio modestamente devolve multiplicado o pão que o alimentou.

Obrigado à amiga Priscilla pela indicação literária.

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