quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Buda sobre como respirar para meditar


Foi o buda que incorporou a respiração dentro de um sistema com metodologia precisa para alcançar a cessação do sofrimento, e a combina com uma investigação intelectual (shamatha e vipassana). Hoje em dia se popularizou o que se conhece como mindfulness, que é uma adaptação da meditação budista - principalmente da atenção consciente, do cultivo do samadhi -  a um contexto secular.

Plavras-chave: respiração, meditação, samadhi e vipassana

Um esquema avançado de meditação analítica que se deriva primeiro da observação da respiração e depois, com grande naturalidade, de uma série de intuições ou descobrimentos que nascem ao dirigirmos esta mesma atenção plena, livre de conceitos e obscurecimentos, à própria mente. De certa forma, a calma mental (o samadhi) ao se produzir naturalmente, gera uma lúcida introspeção (o insight ou vipassana); ou, em outras palavras, se alguém aprende a respirar, de maneira natural a respiração pouco a pouco nos irá levando à sabedoria (o prana, ar e energia são afinal de contas a mesma consciência). Se em contexto secular esta meditação é utilizada somente para acalmar a mente ou facilitar a concentração, se elevada a sua última consequência, contém a base para alcançar a sabedoria, que é sempre experiência direta e não intelectualidade abstrata.

O Buda ensina que quando a atenção plena à respiração é praticada adequadamente e se utiliza um método de interrogação a partir da observação, não deturpada por conceitos, prejuízos ou hábitos que escurecem a cognição, então surgem os sete fatores da iluminação, de maneira progressiva: sati (mindfulness), dhamma vicaya (análise ou investigação), viriya (energia ou persistência), pīti (a felicidade ou o prazer associados à calma), passadhi (serenidade ou tranquilidade), samadhi  e finalmente upekkhã (equanimidade). Esta é a transformação que atravessa a mente através da disciplina meditativa.

O último é a equanimidade, a qual fala de uma sabedoria, fruto da experiência da impermanência através da observação do corpo e dos fenômenos: como a natureza de todos os fenômenos é impermanente, não há verdadeira motivação para reagir a eles ou perseguir as sensações que eles nos causam, o que nos livra do sofrimento da avidez, do apago, da aversão, etc). 

(De fato se assemelha ao que Anton Lavey comenta na bíblia satânica: monges que sentam sobre os próprios joelhos o dia inteiro, a não fazer nada além de comer arroz. Entretanto não vou querer compreender com este tom, porque sei do que se trata este ponto budista: a vacuidade original que é potência para a criação, o que a Física Quântica confirma, e que além do mais é um baita sedativo para as emoções. A vida é um sonho!)

A objetividade do método budista: uma ciência neutra para estudar a mente. Então se fulaninho não acredita em Deus, mas também não pratica meditação, então é apenas um ignorante. Não há como observar as crateras da Lua sem um microscópio; o cientista tem seu equipamento...


É aqui que se revela uma "ciência budista" ou uma ciência contemplativa; o que permite fazer tais experimentos, que são ao mesmo tempo um entretenimento, é que a mente se encontra em calma (isto é equivalente à objetividade dentro do método científico). Nestes procedimentos são revelados os princípios da filosofia budista - como a impermanência ou transitoriedade - dentro do experimento que é a meditação, para que possam ser observados de maneira conclusiva no próprio organismo, e não sejam somente um ensinamento que o adepto escuta, sem que se convertam em verdades da própria experiência.

As quatro aplicações do mindfulness são: primeiro a contemplação do corpo ( a observação dos elementos do corpo, a postura e as sensações puramente físicas da respiração); segundo a contemplação dos sentimentos (as sensações que ocorrem no corpo, sejam de prazer, dor e demais que são observadas sem identificação); terceiro, a observação da mente (esta é a observação da atividade mental, emoções e pensamentos e a consciência que se observa a si mesma) e quarto, a contemplação dos dharmas ou objetos mentais (aqui se observam distintos estados mentais, como os cinco obstáculos, os cinco agregados, os sete fatores da iluminação e as quatro nobre verdades. Sempre com base na respiração.

Traduzido e adaptado de: http://pijamasurf.com/2016/11/el_buda_sobre_como_respirar_para_meditar/

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